Cotidiano

Análise: ?O mito dissolveu??, por Maiá Menezes

RIO ? Paradigmas ruíram definitivamente nesta quarta-feira. O primeiro deles,
já erodido com o afastamento da presidência da Câmara e depois com a cassação de
Eduardo Cunha, era de que o ex-deputado tinha superpoderes. De que detinha o
controle tão pleno de informações técnicas e grupos dentro da Câmara, que jamais
seria alvejado tão definitivamente como agora. Passou, em menos de um ano, de
antagonista principal do governo que ajudou a sepultar, a marco histórico do
país: é o primeiro ex-presidente da Câmara a ir para a prisão.

Cunha Prisão 2 – Conteúdo de apoio

Cunha era ainda dos deputados mais afeitos a pressionar jornalistas com sua
incansável estratégia de abrir processos e ameaçar com recursos judiciais, em
uma tentativa de se imunizar a críticas. Não adiantou. Foi de investigações da
imprensa que saíram informações fundamentais para abastecer as investigações da
Lava-Jato.

A prisão de Cunha, ainda, enfraquece de vez outro discurso usado à exaustão
pelo PT: o de que a Lava-Jato foi
feita exclusivamente para derrubar o governo Dilma e os petistas. E que pouparia
Cunha, por ter sido ele a abrir o processo de impeachment da ex-presidente na
Câmara.

Todo o mito em torno do personagem que hoje será recolhido a uma cela da da
PF em Curitiba dissolveu.

Se mantém, no entanto, a expectativa: levará consigo o arquivo de informações
que aliados e adversários temem há bons anos, ou cairá atirando?

O enredo é ainda incerto.