RIO ? O comércio internacional de leopardos das neves é proibido desde 1975, mas a restrição não foi capaz de frear a matança deste belo e raro animal. De acordo com relatório divulgado nesta sexta-feira pela ONG TRAFFIC, existem apenas cerca de 4 mil exemplares vivos da espécie, mas esse número vem caindo rapidamente. Desde 2008, entre 221 e 450 leopardos das neves foram mortos anualmente e a população total foi reduzida em um quinto nos últimos 16 anos.
? A análise confirma a escala assustadora da caça ilegal dos leopardos das neves ? disse James Compton, diretor da TRAFFIC.
A espécie é visada pela sua pele, que chega a custar US$ 10 mil no mercado ilegal, mas essa não é a principal motivação para a caça. Segundo o relatório, metade dos animais foram mortos em retaliação de fazendeiros, que tiveram suas criações atacadas pelo felino. Cerca de 20% morrem em armadilhas armadas para outras espécies.
Apenas 21% são caçados especificamente para o comércio ilegal. Entretanto, o relatório descobriu que mais da metade das mortes por retaliação ou pelas armadilhas resultam em tentativas oportunistas de venda das carcaças.
O combate à caça é o principal objetivo do Programa Global de Proteção ao Ecossistema do Leopardo das Neves, que reúne todos os 12 países habitados pela espécie, incluindo parceiros governamentais e não-governamentais.
? Mesmo se acontecer uma redução na demanda pela pele, a matança vai continuar, ao menos que todos nós trabalhemos juntos para reduzir drasticamente os conflitos entre humanos e a vida selvagem e garantir que as comunidades possam coexistir com os leopardos ? disse Rishi Sharma, da ONG WWF e coautor do relatório.
O relatório pede que os governos mitiguem os conflitos, prevenindo que os leopardos ataquem as criações, indenizando os criadores pelas perdas e expandindo programas de conservação nas comunidades afetadas pelo problema. O documento recomenda ainda o reforço nas equipes legais de proteção, pois menos de um quarto dos casos conhecidos de caça foram investigados, e apenas 14% resultaram em processos.
Os esforços devem ser concentrados em cinco países, dos 12 que contam com a presença da espécie. Juntos, China, Mongólia, Paquistão, Índia e Tajiquistão respondem por 90% dos animais mortos.