Tradicional encontro de astros do futebol atraídas para o Maracanã pelo ídolo Zico, o Jogo das Estrelas é também um retrato de um mercado em ebulição: o que movimenta as idas e vindas dos jogadores e alimenta as esperanças dos torcedores. Maioria entre os 58.382 presentes, a torcida do Flamengo tratou de ?seduzir? Marinho, atacante do Vitória, embora tenha sido Vitinho quem falou mais abertamente sobre o clube, ao tratar o Flamengo como ?time do coração?.
O jogador do Vitória, que surge no noticiário como um dos alvos do Flamengo, disposto a contratar atacantes de velocidade, foi aplaudido a cada toque na bola. Em seguida, teve o nome gritado pelos torcedores. Antes do jogo, no entanto, evitou dar pistas sobre o seu futuro.
? É bom saber que tem clubes interessados. Mas eles têm que conversar com o Vitória, não é nem comigo. Tenho contrato até 2019 e acho que não chegou nada ainda que atenda ao que o Vitória espera ? desconversou Marinho, ao ser perguntado sobre os interesses de Flamengo e Santos. Sobre o futebol chinês, foi mais reticente. ? Quem não jogaria lá? Mas tem que ser uma coisa que mude muito a sua vida.
A empatia entre o torcedor rubro-negro e o jogador ficou ainda mais clara quando Marinho, em passes de Neymar, marcou dois gols quase seguidos, um deles de cobertura.
Vitinho, ao chegar ao Maracanã, chegou a causar certo espanto por iniciar sua primeira declaração dizendo que vivia um ?fim de ano maravilhoso?. Afinal, fora rebaixado com o Internacional. Logo ficou claro que se referia ao descanso e à oportunidade de participar de eventos como o jogo promovido por Zico. Em seguida, disse que, a princípio, precisa voltar para a Rússia. Ele tem contrato com o CSKA, que o emprestou ao Internacional até o fim de 2016. No entanto, deixou claro torcer por uma negociação com um clube brasileiro. Sobre o Flamengo, disse saber de uma sondagem.
? Mas não tenho nada de concreto. Seria uma honra, ainda mais em se tratando do time do coração. Como ainda não tenho acertos com times do Brasil, a princípio estou voltando para a Rússia. Mas ainda há tempo de aparecer alguma coisa ? afirmou o atacante.
De saída do Flamengo após o encerramento do contrato, Emerson Sheik foi outro que recebeu o carinho de parte dos torcedores do clube, em especial após marcar o primeiro gol do Jogo das Estrelas. Ele evitou, no entanto, falar sobre a camisa que vestirá em 2017. Ao contrário do atacante, quem não teve boa recepção dos rubro-negros foi Léo Moura. Parte da torcida o vaiou, numa aparente retaliação às notícias de que teria cogitado jogar no Vasco, em junho de 2015.
Principal jogador do Fluminense, Gustavo Scarpa é nome em alta no mercado. Ele deixou claro que sua expectativa é permanecer nas Laranjeiras no ano que vem. Embora tenha confirmado o contato do Palmeiras, disse que dificilmente aconteceria uma negociação com um clube brasileiro.
? Estou totalmente concentrado em fazer um grande ano pelo Fluminense. Tenho contrato até 2019. Sei que teve sondagens, mas o Fluminense deixou claro que para me tirar é preciso pagar a multa, e é difícil para um clube brasileiro ? afirmou Scarpa.
Com a bola rolando, a idolatria a Neymar ficou clara. Ao lado de Zico, foi o maior responsável por atrair mais de 50 mil pessoas ao Maracanã na noite quente de quarta-feira. O craque do Barcelona tinha motivos para encarar a volta ao Maracanã como uma ocasião especial. Na última vez em que pisou no estádio, escreveu o capítulo final da longa espera do futebol brasileiro pela medalha de ouro olímpica. Foi ele quem cobrou o último pênalti na final contra a Alemanha.
? Passa um filme na minha cabeça. Acho que foi o momento mais nervoso da minha vida. Tenho muita história aqui. É um orgulho voltar. E quem dera ter um craque como o Zico ao meu lado. Estaria muito feliz ? disse Neymar.
HOMENAGEM À CHAPECOENSE
Antes do jogo aconteceu o momento de maior emoção, com a homenagem às vítimas do acidente aéreo com a Chapecoense, há um mês, em Medellín, na Colômbia. Cada um representando um clube carioca, Zico (Flamengo), Roberto Dinamite (Vasco), Camilo (Botafogo), Alexandre Torres (Fluminense) e Edu (América), entraram em campo conduzindo uma bandeira da Chapecoense. Junto com eles estavam João Carlos Maringá, diretor de futebol do clube catarinense, e Mateus Pallaoro, filho de Sandro Pallaoro, que presidia o clube e foi uma das vítimas. As melhores imagens do Jogo das Estrelas
? Zico era o maior ídolo do meu pai no futebol. Ele tinha o sonho de conhecê-lo, e agora eu pude realizar ? disse Mateus, que chorou muito no centro do gramado.
? A gente não gostaria de estar fazendo esta homenagem. Um mês antes (do acidente), o Caio Júnior (técnico da Chapecoense, que também morreu no desastre) me ligou quando veio jogar aqui contra o Fluminense. Estava tudo certo para eu me encontrar com o pai do Mateus. Mas em cima da hora ele não pôde vir ? contou Zico.
No intervalo do jogo, houve novas homenagens. Primeiro, ao jornalista Raul Quadros e ao capitão do Tri, Carlos Alberto Torres, que morreram em 2016. Em seguida, os jogadores campeões do mundo em 1981, pelo Flamengo, reuniram-se para celebrar os 35 anos da conquista.