RIO ? Filhos de mães que fumaram durante a gravidez, crianças que pulam o café da manhã ou que não têm o sono regular ou não dormem o suficiente têm maior probabilidade de se tornarem obesas ou com sobrepeso. Essa é a conclusão de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade College London, que analisou dados de 19.244 famílias do Reino Unido, e descobriu que existem fatores que podem ser facilmente alterados para prevenir problemas de saúde no futuro.
? É sabido que filhos de mães obesas ou com sobrepeso são mais propensas a terem sobrepeso, provavelmente refletindo o ambiente ?obesogênico? e, talvez, uma predisposição genética para ganhar peso ? disse a professora Yvonne Kelly, que liderou as pesquisas. ? Esse estudo mostra que rotinas interrompidas, exemplificadas por padrões irregulares de sono e por pular o café da manhã, podem influenciar o ganho de peso pelo aumento do apetite e pelo consumo de alimentos muito energéticos.
O estudo, publicado no periódico científico ?Pediatrics?, é o primeiro no Reino Unido a observar os padrões de desenvolvimento do índice de massa corporal (IMC) nos primeiros dez anos das crianças, para buscar por fatores de estilo de vida que podem influenciar o ganho de peso. Os dados de peso e altura foram coletados quando as crianças tinham 3,5,7 e 11 anos de idade.
Os pesquisadores destacam que os resultados apontam para fatores que podem ser modificados pelas famílias, dando subsídios para políticas públicas direcionadas a crianças e adolescentes. A obesidade é um problema grave que tem afetado cada vez mais os jovens, com impactos no bem-estar psicossocial como baixa autoestima, tristeza assim como comportamentos de risco, como consumo de álcool e cigarro.
O fumo durante a gravidez está ligado ao maior risco de desenvolvimento da obesidade nas crianças provavelmente pela relação entre a exposição ao tabaco e a coordenação motora das crianças.
O estudo identificou quatro padrões de desenvolvimento de peso. A grande maioria das crianças, 83,3%, tinha o IMC estável sem sobrepeso, enquanto 13,1% apresentaram aumento moderado do IMC e 2,5% tinham o IMC acentuado. O menor grupo, de 0,6%, já tinham o IMC de obesos aos 3 anos de idade.
O estudo também serviu para derrubar mitos sobre a alimentação. Fatores como a amamentação e a introdução de alimentos sólidos não estão associados com o ganho de peso. Da mesma forma que o consumo de bebidas açucaradas, frutas, tempo diante da TV e prática de esportes também não são indicadores de ganho de peso.