ALEPPO ? Pelo menos 21 pessoas, entre elas cinco crianças, morreram depois que os bombardeios do governo sírio atingiram bairros do Leste de Aleppo, na manhã desta quarta-feira. O ataque destruiu partes de um banco de sangue e de um hospital infantil dos arredores, cujos médicos e pacientes se abrigaram no porão para se protegerem da noite de bombardeios ao reduto rebelde. Um motorista de ambulância também morreu na investida que deve marcar o começo da ofensiva do presidente Bashar al-Assad ao último bastião urbano de opositores.
Trata-se do segundo dia de bombardeios, que já somam ao menos 32 vítimas na contagem de monitoradores de guerra, médicos e funcionários da emergência. Residentes relatam que a investida contou com foguetes disparados de jatos, bombas lançadas de helicópteros e artilharia do governo. O Observatório Sírio para Direitos Humanos credita a ofensiva a aviões de guerra russos e sírios. Na terça-feira, as tropas de Damasco iniciaram a escalada militar ao coordenar com aliados o arremesso de mísseis sobre rebeldes.
? Um terrível dia para o hospital das crianças. Eu, minha equipe e todos os pacientes estamos sentados em um único cômodo no porão agora, na tentativa de protegê-los ? escreveu no Facebook Hatem, o diretor da unidade de saúde, um dos seis centros médicos danificados na Síria nas últimas 48 horas. ? Tentamos sair do porão, mas não podemos porque os aviões ainda estão no céu.
A Associação dos Médicos Independentes registrou que o hospital infantil, assim como outros empreendimentos no Leste da cidade, foi atingido várias vezes este ano, o que situa 2016 no caminho de se tornar ?o pior ano de ataques a hospitais? na História. De acordo com o Observatório, a mira dos bombardeios incluiu os distritos de al-Shaar, al-Sukkari, al-Sakhour e Karam al-Beik.
Moscou nega participação nos bombardeios: informa de que cumpre ?moratória de ataques aéreos? em Aleppo no momento. Mas a ofensiva de terça-feira parece ter colocado fim à pausa de confrontos declarada pela Rússia em meados de outubro.
? Os helicópteros não vão parar por um segundo ? apostou Bebars Mishal, funcionário da defesa civil, um serviço de resgate voluntário que opera no reduto. ? Agora, o bombardeio não vai cessar.