BRASÍLIA – O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a Eletronuclear apresente um estudo detalhado de quando se esgotará a capacidade de armazenamento de resíduos das usinas nucleares Angra 1 e 2. A empresa tem 60 dias para entregar o parecer. O TCU acompanha de perto a construção de novas unidades de armazenamento, sob o risco de que as usinas parem o funcionamento por não ter mais onde descartar resíduos. Angra 1 e 2 são responsáveis, hoje, por 3% de toda a energia do Sistema Interligado Nacional e por cerca de 30% da energia do estado do Rio de Janeiro.
Novas piscinas estão sendo construídas, mas o cronograma está muito atrasado. O prazo inicial, novembro de 2017, já não é mais possível e a nova data estimada para conclusão é em 2020. A previsão de esgotamento das armazenagem também foi revisada pela empresa: antes, a estimativa era de que a capacidade de Angra 1 se esgotaria em 2020 e de Angra 2, em 2018. Agora, técnicos das empresas falam que é possível armazenar resíduos até 2021. O TCU, no entanto, pede um parecer detalhado da Eletronuclear sobre essa mudança de datas.
No parecer, o relator, ministro Vital do Rêgo, classifica o cenário como ?muito preocupante?: ?Cabe destacar, nesse ponto, que eventual atraso na construção da unidade complementar de armazenamento inicial de CNU poderá provocar a paralisação das usinas de Angra 1 e Angra 2, acarretando severos prejuízos financeiros à Eletronuclear?, diz o texto.
Outra preocupação do TCU em relação à obra diz respeito ao financiamento. A Eletronuclear afirma que utilizará recursos próprios e que o orçamento para investimentos da empresa terá a construção de novas unidades de armazenagem como prioridade. A empresa, no entanto, não detalhou como efetuará os desembolsos nem de onde virão os recursos internos.
?A possibilidade de atraso na implantação da UAS torna-se mais crítica com as incertezas relativas ao financiamento da unidade, porquanto a Eletronuclear afirmou que a unidade será financiada com recursos próprios, sendo que esses dependerão dos bons resultados de ações internas de racionalização de custos?, diz o texto.
O parecer determina ainda que seja feito um alerta à Casa Civil diante da ?gravidade do cenário apresentado?, que podem impactar o fornecimento de energia do país.