RIO – Cientistas da Organização Meteorológica (OMM) alertaram que há uma possibilidade de que um novo fenômeno El Niño seja formado ainda este ano.
Em 2015 e 2016, uma poderosa edição do “menino” elevou as temperaturas globais e desempenhou um papel-chave para a formação de secas em diversas partes do mundo.
Normalmente, o intervalo entre dois fenômenos El Niño varia entre dois e sete anos.
Há 40% de chances de que o evento climatológico volte a ocorrer nos próximos meses. No entanto, são maiores as espectativas de que 2017 termine em condições neutras – ou seja, sem a interferência de fenômenos naturais globais sobre a temperatura.
A principal característica do El Niño é o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, o que provoca tempestades em boa parte do continente americano. Na África, sua principal marca é o aumento das estiagens. Na Ásia, o fenômeno afeta as monções.
É comum que, após o “menino”, ocorra um fenômeno de consequências opostas – a La Niña, que esfria as águas do Pacífico. No entanto, seus efeitos foram tão fracos – em janeiro, mal eram sentidos – que os climatologistas a chamaram de “La Nada”.
Atualmente, as águas na região do Peru estão com a temperatura 1,5 grau Celsius acima da média, criando um “El Niño costeiro”. Segundo os cientistas, esta condição pode se desenvolver e atingir outras regiões.
Um El Niño só é considerado “oficial” se a temperatura das águas do Pacífico se mantiverem 0,5 grau Celsius acima da média por, pelo menos, três meses.
– É um pouco incomum, mas não completamente sem precedentes – explica Rupa Kumar Kolli, pesquisador da OMM. – As condições neutras continuarão prevalecendo ao menos no primeiro semestre. Só teremos certeza sobre a expansão do El Niño costeiro a partir de setembro.
O cenário, segundo os cientistas, será mais claro ainda em maio. Ainda assim, diante dos impactos que o El Niño pode trazer, já recomendam que as autoridades se preparem para a formação do fenômeno.
– Se o El Niño decolar de fato, então haverá uma série de implicações para as regiões de monção no Sudeste da Ásia, além de secas em partes da África – alerta Kolli. – Todos devem estar atentos a estas possibilidades.