Cotidiano

Operação prende 12 dos 15 vereadores de Foz

O ex-secretário e ex-presidente da Cettrans, Paulo Gorski também foi preso na operação da Polícia Federal

Foz – Com o prefeito Reni Pereira (PSB) afastado por supostos atos de corrupção, Foz do Iguaçu voltou ontem a ser manchete nacional por conta da corrupção na política. Doze dos 15 vereadores da cidade foram presos durante operação conjunta do MPF (Ministério Público Federal) e a PF (Polícia Federal). Eles são acusados de receber uma espécie de “mensalinho” em troca de apoio aos projetos do Executivo na Câmara.

A operação foi batizada de Nipoti, plural de nipote, um substantivo comum de dois gêneros da língua italiana, que significa sobrinhos ou netos. O nepotismo tem origem na palavra nepos, nepote, do latim, que se prende à ideia de descendência, parentesco, assumindo o sentido de favoritismo para com parentes.

Ela faz parte do desdobramento da Operação Pecúlio, que entrou em sua quinta fase. Foram deslocados cerca de 150 policiais para cumprirem 78 mandados judiciais: 20 de prisão preventiva, 8 de prisão temporária, 11 de condução coercitiva e 39 de busca e apreensão em residências e em empresas ligadas ao esquema criminoso.

Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal para serem cumpridos em Foz do Iguaçu, Cascavel, Curitiba,  Maringá e Pato Branco, no Paraná, bem como em Recife, em Pernambuco, e em Brasília. Dos 12 vereadores presos em Foz, dez com prisão preventiva (sem prazo para a soltura) e dois com prisão temporária (válida por cinco dias).

Porém, as prisões temporárias podem, a qualquer momento, ser prorrogadas ou convertidas em preventivas. De acordo com investigações da PF, o envolvimento dos vereadores havia sido divulgado por réus que fizeram a assinatura de acordo de delação premiada com o MPF.

Em entrevista ontem, o procurador da República, Alexandre Porciúncula, divulgou detalhes do esquema envolvendo os parlamentares. “Havia indícios de que os vereadores eram beneficiados com repasse mensal de valores e cargos comissionados na prefeitura ou empregos em empresas terceirizadas”, afirmou o procurador.

Segundo a investigação, havia repasse entre R$ 5 mil a R$ 10 mil para os parlamentares. Com as prisões, a sessão de ontem na Câmara, que seria a última ordinária do ano, foi adiada por falta de quórum e reconvocada para terça-feira. Dilto Vitorassi (PV), Gessani da Silva (PP) e Nilton Bobato (PCdo B) foram os únicos que não foram presos na 5ª fase da Operação Pecúlio.

Vereadores presos em Foz

Anice Gazzaoui (PTN)

Beni Rodrigues (PSB)
Darci “DRM” (PTN) 
Edílio Dall’Agnol (PSC) 
Fernando Duso (PT)
Hermógenes de Oliveira (PSC)
Zé Carlos (PMN) 
Luiz Queiroga (DEM) 
Marino Garcia (PEN)
Coquinho (SD)
Paulo Rocha (PMDB) 
Rudinei Moura (PEN)

Entenda o que é Operação Pecúlio

A Operação Pecúlio investiga um grupo de pessoas que cometia irregularidades perante a administração pública de Foz e na Câmara de Vereadores, mediante o desvio de recursos públicos com a finalidade de obtenção de vantagens indevidas.

Somente em algumas obras de pavimentação de Foz do Iguaçu, submetidas a exame pericial pela PF, foram constatados prejuízos consumados na ordem de aproximadamente R$ 4,5 milhões. A péssima qualidade do material utilizado nas obras reduzia consideravelmente o tempo de vida útil destas.

O prefeito afastado Reni Pereira é acusado de ser o “chefe” do esquema criminoso.

Operação atinge ex-secretário em Cascavel

A Operação Pecúlio de ontem também atingiu Cascavel, onde o ex-secretário de Obras e ex-presidente da Cettrans, Paulo Gorski, foi preso por supostamente participar do esquema de corrupção em Foz do Iguaçu. Gorski é sócio-proprietário da Construtora Samp, que tem sede em São Miguel do Iguaçu.

Ele foi preso por policiais federais em seu apartamento. Eles o conduziram até a sede da Polícia Federal de Cascavel e depois transferido para a Delegacia da Polícia Federal em Foz do Iguaçu.

 A prisão dele é preventiva. O filho dele também foi preso durante a operação de ontem, mas a prisão é temporária.

Alvo em Brasília

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Antonio Carlos Nardi, é um dos alvos da Operação Nipoti. Contra ele havia mandados de condução coercitiva e de busca e apreensão no endereço dele em Maringá. No Ministério da Saúde, a informação era a de que ele trabalhou normalmente ontem. Nardi foi secretário municipal de Saúde de Maringá. Ligado ao PP, ele assumiu em 2015 o comando da Secretaria de Vigilância em Saúde, durante a gestão de Arthur Chioro.