BUENOS AIRES – Ele é chamado de ?o gigante de Tandil? (tem 1,98 metro), em referência à cidade onde nasceu, a cerca de 350 km de Buenos Aires. E este ano o tenista argentino Juan Martin del Potro foi mais gigante do que nunca e deu a seu país uma das maiores alegrias esportivas de sua História: a vitória na Copa Davis, no último domingo. Foi o triunfo de uma equipe, mas Delpo foi a grande figura do campeonato. Com sua história de vida e personalidade entrou, como disse o ex-craque de futebol Diego Maradona (que presenciou os jogos finais da Davis), no coração dos argentinos.
RELEMBRE: A gran willy que Delpo aplicou na final contra Cilic
O caminho até a conquista da Copa Davis foi espinhoso e, por momentos, desesperador. Nos últimos três anos, del Potro passou por três cirurgias nos pulsos e chegou a pensar em abandonar o tênis. No domingo, o tenista lembrou todos os obstáculos e agradeceu o carinho da torcida:
? Quero agradecer às pessoas, que não deixaram que eu parasse. Estive muito perto de não jogar mais e aqui estou .
Del Potro começou o ano de 2016 no posto 1.045 do ranking mundial, e jamais imaginou que, alguns meses depois, estaria comemorando um título inédito para o país, na Croácia.
? A Argentina tem um novo herói ? declarou o ex-tenista alemão Boris Becker, que destacou ?o incrível caráter, coração e determinação? de Del Potro. Festa na Davis
Para o tenista, que nasceu na mesma cidade que o presidente argentino, Mauricio Macri, ?é um orgulho que falem na inspiração que provoca minha recuperação, e esse será o tesouro que levarei de 2016?.
Este foi, sem dúvida, o ano mais importante da carreira de Del Potro. Depois de ter praticamente desaparecido do mapa, o tenista começou a ressurgir das cinzas na Olimpíada do Rio, onde conquistou a medalha de prata e levou a torcida ao delírio, eliminando grandes nomes do tênis mundial, como o espanhol Rafael Nadal.
No Rio, Del Potro foi uma das grandes sensações da equipe argentina, junto com esportistas como a judoca Paula Pareto, que obteve medalha de ouro. Ambos são considerados exemplos de superação na Argentina, e suas vitórias são comemoradas com especial satisfação por uma sociedade que vibra cada vez que tem a oportunidade de defender o orgulho de ser argentina.
? Eles nos emocionaram e foi inesquecível para todos os argentinos. Deram um exemplo de como trabalhar em equipe, com boa energia entre todos ?disse o presidente Macri, que se prepara para receber Del Potro e todo o time da Davis em Buenos Aires.
O chefe de Estado enviou um especial abraço ao tenista do momento por parte de sua filha mais nova, Antônia, de apenas cinco anos. Del Potro é a grande atração do momento, e a família presidencial argentina está em plena sintonia com o sentimento de adoração nacional despertado pelo tenista. Equipe argentina
O último domingo foi pura emoção para o país. Na disputa final entre Argentina e Croácia, Del Potro igualou o confronto em 2 a 2 num jogo histórico contra o anfitrião Cilic e forçou uma quinta e decisiva partida entre o argentino Federico Delbonis, número 41 do mundo, contra Ivo Karlovic, número 20. Delbonis surpreendeu a todos, e seu triunfo deu à Argentina o privilégio de ser o primeiro país sul-americano a conquistar a Copa Davis.
Jornalistas locais compararam a vitória na Croácia a outros grandes momentos do esporte nacional, como a Copa do Mundo de 1986, no México, momento de glória de Maradona; os títulos obtidos pelo boxeador Carlos Monzón na década de 1970 e pelo campeão de Fórmula 1 Juan Manuel Fangio, nos anos 1950.
? Este resultado na Davis terá um impacto profundo no coração dos argentinos de todos os tempos ? escreveu Claudio Cerviño, do jornal ?La Nación?.
Em 2009, Del Potro venceu o US Open com apenas 20 anos e foi recebido como uma estrela de rock pelos moradores de Tandil, uma cidade pujante da província de Buenos Aires, onde o tenista tem sua casa e gosta de ver os amigos de infância. Desta vez, a recepção promete ser ainda mais emocionante, já que além de ter vencido nas quadras da Croácia, Del Potro cativou os argentinos com sua simpatia e capacidade de dar a volta por cima.