Política

Após reviravolta, Richa fica no PSDB; o “fator” Paulo Martins foi crucial

Após reviravolta, Richa fica no PSDB; o “fator” Paulo Martins foi crucial

Curitiba – Não durou nem 24 horas o anúncio da possível filiação do ex-governador do Paraná, Beto Richa, no PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O anúncio causou o maior alvoroço na política paranaense e a informação de que o tucano estaria de malas prontas para o PL não agradou “nem gregos e nem troianos”. Ainda na tarde de ontem (14), o deputado federal Filipe Barros, anunciou que Beto não iria mais se filiar ao partido.

O “noivado” que durou pouco tempo teria terminado após um telefonema do ex-deputado federal Paulo Martins ao ex-presidente Jair Bolsonaro anunciando que seria candidato a prefeito de Curitiba nas eleições de 2024. Após o anúncio de Martins, Richa teria desistido de disputar a indicação interna. No entanto, Beto ainda continua pré-candidato a prefeito de Curitiba.

Martins afastou-se da executiva municipal, mas anunciou que está à disposição do partido para ser pré-candidato. “Quem acompanha o meu trabalho sabe que defendo os valores conservadores desde quando fazer isso não dava votos e nem likes. Continuo convicto do que faço. Por isso, me coloco à disposição do PL para disputar a eleição para a Prefeitura de Curitiba. O partido que faça sua escolha”, afirmou o ex-deputado.

Outro ponto que teria desestimulado a ida de Richa ao PL seria o seu mandato como deputado federal, isso porque, segundo informações, o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, e o presidente da Federação PSDB-Cidadania, Bruno Araújo, já haviam se reunido e decidiram que não dariam carta de anuência para Richa.

“Efeito Richa”

Assim como o efeito Richa causou alvoroço no PSDB, no PL não foi diferente. Na quarta-feira (13), logo após o anúncio de que Richa estaria de malas prontas para a sigla, Paulo Martins anunciou que deixaria a presidência da Executiva Municipal de Curitiba do PL. Agora com o “fico” de Richa do PSDB, Martins ainda não anunciou se voltará ou não atrás.

Outra baixa no partido foi em Cascavel, à saída do vereador Romulo Quintino já era dada como certa e foi confirmada ontem (14), em anúncio nas redes sociais. Ainda em Curitiba, na manhã de ontem (14), alguns militantes do PL estiveram na frete da Sede do partido na Capital, com cartazes, manifestando o descontentamento da eventual filiação de Richa.

Arruda x Barros

Quem também se manifestou sobre a situação foi o deputado estadual Ricardo Arruda, que protestou contra a chegada de Richa. De acordo com Arruda, quem aproximou Richa do PL foi o também deputado federal Filipe Barros. Ricardo Arruda gravou um vídeo eximindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e também o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto da “culpa” pela aproximação com Richa.

Em um vídeo, ele relatou que estava em Brasília e foi à sede do partido na capital federal, onde encontrou Richa e Barros saindo do escritório. “Você está me traindo não, né?”, questionou o deputado estadual, que descreve no vídeo as palavras que dirigiu a Barros. Arruda diz que, na sequência, foi falar com o ex-presidente Jair Bolsonaro e explicou “toda a situação do Beto Richa”, “alguém que já foi preso, tem um passado que lhe condena, que é colado com o [vice-presidente da República Geraldo] Alckmin”.

Quem também se manifestou foi Filipe Barros. Segundo o deputado federal, ele teria recebido uma “missão” de Jair Bolsonaro, para aproximar o ex-presidente com eventuais candidatos à prefeitura de Curitiba que fossem oposição ao PT e pensassem em um projeto em prol de Bolsonaro em 2026. “Eu recebi uma missão do presidente Bolsonaro. Trazer até ele todos os pré-candidatos a prefeito de Curitiba que cumprissem dois requisitos: Primeiro, que fossem anti-petistas; segundo, que estivessem à disposição de caminhar com o presidente Bolsonaro já pensando em 2026. E foi isso que eu fiz.”

Barros ainda confirmou que a decisão pelo não andamento das tratativas com Beto Richa se deram após o anúncio de que Paulo Martins seria o pré-candidato do PL na disputa pela prefeitura de Curitiba. “Depois da manifestação de hoje cedo (ontem, 14) do meu amigo Paulo Martins em se colocar à disposição do partido para disputar a eleição municipal, eu deixo aqui registrado, o meu apoio a pré-candidatura a prefeito do Paulo Martins. O PL precisa assumir esse protagonismo na eleição de Curitiba”, finalizou.