Política

POD faz reivindicação ao ministro em defesa da agroindústria

POD faz reivindicação ao ministro em defesa da agroindústria

Cascavel – O presidente do POD (Programa Oeste em Desenvolvimento), Rainer Zielasko, entregou ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, uma carta com reivindicações da entidade para a região Oeste do Paraná. O documento foi entregue em mãos, durante a visita de Fávaro no Show Rural Coopavel, na última semana.
Entre os principais pontos pleiteados pelo POD está a questão da importação de tilápia do Vietnã para o Brasil. Segundo a carta, a importação dos pescados é uma afronta ao território paranaense, que notabiliza pela produção de qualidade e segurança. Desta maneira, a entidade solicita ao governo uma regulamentação mais rígida e que desempenha um papel fiscalizador vigoroso.
Segundo Zielasko, a principal preocupação da agroindústria é quanto a sanidade animal e o risco sobre os valores que a operação poderá trazer ao território nacional. “Uma das preocupações aqui do Programa Oeste em Desenvolvimento é com relação à agricultura do Oeste do Paraná e da nossa agroindústria. Nós estamos num país de livre mercado, tá tudo certo, mas a importação de tilápias de países asiáticos nos preocupa primeiro com relação a sanidade e risco isso pode trazer para o Brasil e lugar pela falta de isonomia. Nós temos uma carga tributária elevada aqui que chega a bater 34, 35% e essas pessoas conseguem lá, num país com uma carga tributária mais baixa e sem nenhum tributo adicional, trazer seu produto, eles estão concorrendo de forma desleal.”
Ainda durante a passagem pelo Show Rural, o ministro Carlos Fávaro anunciou a suspensão da importação do tipo do pescado do mercado Vietnamita e a revisão dos protocolos sanitários.

Demarcação de terras
Outra preocupação do Oeste do Paraná é quanto a demarcação de terras indígenas. Recentemente, a cidade de Guaíra se viu imersa na iminência de demarcações de terras indígenas pelo Marco Temporal. A situação envolveu conflito entre agricultores e indígenas.
Segundo a carta encaminhada pelo POD, a entidade pede para que o Ministério interceda e possa dar segurança jurídica dos trabalhadores rurais.
“Por isso nós pedimos ao ministro que interceda que faça realmente cumprir a constituição e que dê tranquilidade e que se resolva essas questões, todos têm direitos de forma pacífica, mas dentro do que apregoou a lei”, afirma Zielasko.
Durante sua passagem por Cascavel, Fávaro falou sobre o assunto e argumentou que uma possível saída para esse imbróglio seria a aquisição de áreas para os indígenas. “Esse é um assunto sensível, mas que precisa ser pacificado no Brasil. Nós vamos trabalhar para pacificar. O melhor caminho para isso é que faça a aquisição de áreas públicas ou privadas para que não dê prejuízo a nenhum produtor e possa pacificar essa questão que aflige tanto o campo e aos irmão indígenas.”

“Leite amargo”
Além do problema com a tilápia Vietnã destacado pelo POD, que está temporariamente suspensa, outro problema provocado pelo amento das importações é para a cadeia produtiva do leite. Segundo a CNA (Confederação Nacional da Agricultura), somente de janeiro a julho do ano passado, as importações de leite em pó aumentaram 268%, em comparação com o mesmo período de 2022. Mais de 90% desse volume vêm da Argentina e do Uruguai, países-membros do Mercosul. Crise que afeta diretamente
“Cerca de 52% do volume total tem origem na Argentina, país que vem aplicando subsídios diretos à produção leiteira”, criticou a deputada Ana Paula Leão (PP-MG), que levou a discussão para a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados no final de 2023. Esses subsídios, acrescenta a deputada, elevam a desigualdade do produto importado frente ao brasileiro. A situação gera queda nos preços pagos aos pecuaristas, desestimula a produção e intensifica o êxodo rural. “O setor leiteiro nacional não suporta mais”, disse Ana Paula.
O presidente da comissão técnica de leite do Sistema Faemg Senar (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais) e vice-presidente da comissão de leite da CNA, Jonadan Ma, afirma que o ano de 2023 “é para ser esquecido na história da pecuária leiteira”. “A cadeia toda sofreu demais, a partir de maio em diante tivemos uma escala descendente no preço pago e uma elevação recorde na importação que desbalanceou toda a cadeia leiteira. É um ano a ser esquecido, porque levou o produtor a trabalhar no prejuízo por boa parte do ano”, afirmou Ma.
O Paraná é o segundo maior produtor de leite do Brasil, com mais de 4 bilhões de litros e representa a cadeia produtiva mais importante para os agricultores familiares do estado. E, de acordo com a Aproltol (Associação dos produtores de leite de Toledo e região), aregião reúne mais de 8,5 mil produtores entre as regionais de Toledo e Cascavel, sendo a segunda maior bacia leiteira do Paraná.