Cascavel – O presidente da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), Edson Vasconcelos, classificou como positiva a proposta de criação de uma política industrial para o Brasil, apresentada ontem (22), pelo governo federal. Para Vasconcelos, no entanto, é fundamental que as iniciativas anunciadas sejam efetivamente colocadas em prática. “Precisamos que essas e outras medidas tão necessárias para nossa competitividade não fiquem apenas no campo do discurso, mas estimulem de fato uma modernização para que a indústria seja a verdadeira indutora do desenvolvimento do País”, enfatizou Vasconcelos.
A proposta que recebeu o nome de NIB (Nova Indústria Brasil), tem como objetivo fazer com que o poder público seja o incentivador do desenvolvimento industrial do País. Para isso. o programa contempla, entre outras ações, o uso de linhas de crédito, subsídios e requisitos de conteúdo local para fomentar a produção nacional, abrangendo seis áreas prioritárias: cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais; complexo econômico industrial da saúde; infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis; transformação digital da indústria para ampliar a produtividade; bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas; e tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacionais.
“Na maioria dessas áreas, o Paraná já está muito avançado e é referência no Brasil. No caso da agroindústria, por exemplo, nossas cooperativas já industrializam cerca de 48% de sua produção agrícola, em um processo que segue evoluindo com novos investimentos a cada ano”, afirma Vasconcellos. “O Paraná também já possui uma matriz energética limpa e é referência na área de biocombustíveis, mas pode avançar ainda mais nos processos de descarbonização”, completa.
No caso da área de defesa nacional, Vasconcelos afirma que esse também é um processo que já ocorre no Paraná, principalmente por meio da atuação do Conselho Temático da Indústria de Materiais de Defesa e Segurança da Fiep. “O Comdefesa busca a aproximação com as forças de segurança com o objetivo de levantar as suas demandas e buscar fornecedores locais de insumos e equipamentos. Inclusive estimulando um processo de engenharia reversa para a produção aqui de componentes anteriormente importados, como já vem sendo feito no caso de baterias para veículos blindados do Exército”, explica. “Entendemos que a política industrial deve incentivar a criação de um protocolo de engenharia reversa para acelerar esse processo de nacionalização”.
Em relação à transformação digital com foco no aumento da produtividade, o Sistema Fiep também já vem atuando para levar conhecimento e novas tecnologias às indústrias paranaenses. Inclusive deve lançar em breve, em parceria com o Sebrae/PR, um novo programa com o objetivo de atender mais indústrias do Estado nessa área. Para que essa atualização tecnológica ocorra de fato, o presidente da Fiep considera fundamental o acesso a novas e facilitadas linhas de crédito.
Outro aspecto positivo, na opinião de Vasconcelos, é a prioridade que o programa dá ao uso de compras governamentais e subvenções para incentivar alguns setores. O presidente da Fiep afirma ser importante, também, um olhar atento a segmentos estratégicos na geração de empregos e renda que, atualmente, sofrem com a concorrência desleal de produtos importados, como é o caso da indústria do vestuário. “Nesse caso, é essencial que o governo federal haja imediatamente para não causar danos profundos nessas cadeias produtivas”, diz.
Proposta
A nova política industrial prevê ainda R$ 300 bilhões em financiamentos para o setor até 2026. O plano foi apresentado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e tem como mote a volta do Estado como principal indutor do desenvolvimento nacional.