Política

Para Pacheco, discutir o Judiciário é “natural” e não significa “afronta”

Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão solene do Congresso Nacional destinada a comemorar os 35 anos da Constituição Federal de 1988.

O evento ocorre no Plenário Ulysses Guimarães, onde o texto constitucional foi promulgado, em 5 de outubro de 1988. A Carta Cidadã, como ficou conhecida, consolidou o Estado Democrático de Direito após a ditadura militar.  

Mesa:
senador Weverton (PDT-MA);
deputada Maria do Rosário (PT-RS);
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Roberto Barroso;
vice-presidente da República, Geraldo Alckmin;
presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG); 
presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira (PP-AL);
vice-presidente da Constituinte e segundo signatário da Constituição Federal de 1988, Mauro Benevides;
presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos.

Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão solene do Congresso Nacional destinada a comemorar os 35 anos da Constituição Federal de 1988. O evento ocorre no Plenário Ulysses Guimarães, onde o texto constitucional foi promulgado, em 5 de outubro de 1988. A Carta Cidadã, como ficou conhecida, consolidou o Estado Democrático de Direito após a ditadura militar. Mesa: senador Weverton (PDT-MA); deputada Maria do Rosário (PT-RS); presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Roberto Barroso; vice-presidente da República, Geraldo Alckmin; presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG); presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira (PP-AL); vice-presidente da Constituinte e segundo signatário da Constituição Federal de 1988, Mauro Benevides; presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos. Foto: Roque de Sá/Agência Senado

No mesmo dia em que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) aprovou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 8/2021 que limita as decisões monocráticas nos tribunais superiores, foi protocolada, no Senado, a PEC 51/2023, que restringe a 15 anos os mandatos dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). A proposta promove ainda modificações no processo de escolha dos membros dessa corte e dos demais tribunais superiores.

Após participar da sessão especial em homenagem aos 35 anos da Constituição de 1988, o presidente do Senado e do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, afirmou não haver qualquer crise entre os Poderes. Ele considera “ser natural e não constituir qualquer afronta ou enfrentamento ao Poder Judiciário ou ao Supremo Tribunal Federal” debater alterações com relação aos tribunais superiores.

“Então, quando se fala nessa pauta que interessa o Poder Judiciário, como é das decisões monocráticas que foi aprovada na Comissão de Constituição e a própria discussão sobre o tempo fixo de mandato de ministro do Supremo Tribunal Federal, basta identificar as ideias individualizadas. É interessante termos uma regulação com relação as decisões democráticas, para que o mais sagrado do Supremo, que é a sua colegialidade, [possa] prevalecer. Não é nada irracional”, defendeu.

Da mesma forma, não há irracionalidade, segundo o presidente, em debater os mandatos fixos, “que são adotados em outros países, que é uma tese defendida por diversos setores, inclusive do próprio Poder Judiciário”. “Daqui a pouco nós vamos discutir o instituto da reeleição do Brasil, coincidências de eleições, eventualmente passar mandatos de quatro para cinco anos sem reeleição. São ideias postas que atingem o Poder Executivo, mas que também não são afronta ao Poder Executivo. São reflexões e deliberações, que é papel do Congresso fazer e aqui é a casa do povo e nós somos votados pra isso. Somos os legítimos representantes da sociedade, que interessa ao Judiciário, que interessa ao Executivo, mas que são decididas no Legislativo”, disse Pacheco.

 

Autonomia

O presidente do Senado disse que são prioridades na Casa pautas como a reforma tributária, a sustentação do regime fiscal, transição energética, fim da reeleição, entre outras. Para Pacheco, cada Poder tem a sua autonomia para definir sua pauta.

“Vamos discutir a questão das drogas, por exemplo. Nós temos a percepção de que a prerrogativa da decisão da política antidrogas através de uma lei é do Congresso Nacional. Não pode haver uma descriminalização de um tipo penal que foi concebido no ordenamento jurídico pelo Congresso. Assim como interpretamos que a questão do marco temporal também deve ser uma definição do Congresso Nacional, tanto que foi votado o projeto de lei nas duas Casas e agora submetido ao presidente da República.

 

Deliberação

A PEC 8/2021 não deverá ser levada ao Plenário do Senado nas próximas semanas. É o que informou o líder do governo no Senado, senador Jaques Wagner (PT-BA), após participar da reunião de líderes, ontem (5). Essa proposta veda a concessão de decisão monocrática que suspenda a eficácia de lei ou ato normativo com efeito geral ou que suspenda ato dos presidentes da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Congresso Nacional. A proposta também estabelece que pedidos de vista — prazo para estudar um determinado processo — devem ser concedidos coletivamente e por prazo máximo de seis meses.

Já o senador Eduardo Girão (Novo-CE) acredita que se deve procurar votar a PEC 8/2021 o quanto antes no Plenário. Ele enfatizou que “um só ministro não pode tomar uma decisão sem levar para o colegiado”. “ Nada contra nenhuma outra instituição, absolutamente. É apenas a favor do Parlamento, a favor das prerrogativas do Congresso Nacional”, afirmou Girão.

 

Nova PEC

O senador Flávio Arns (PSB-PR) protocolou , como primeiro signatário, a PEC 51/2023 que atribui mandato de quinze anos — vedada a recondução — e exigência de idade mínima de 50 anos aos ministros do Supremo Tribunal Federal. A proposta promove ainda modificações no processo de escolha dos membros dessa Corte e dos demais tribunais superiores. “Não faz sentido que o processo de escolha dos membros do STF e o tempo de permanência nos cargos continuem presos a um modelo do fim do século 19”, afirmou Flávio Arns.

Um dos principais pontos da PEC, que recebeu 33 assinaturas, é acabar com o caráter vitalício do exercício do cargo de ministro do STF.