Cotidiano

Nova Ferroeste concentra trabalho nas licenças e leilão tem previsão para 2024

A Estrada de Ferro Paraná Oeste S/A, ou Ferroeste, é uma empresa ferroviária estatal brasileira criada em 15 de março de 1988, que tem como principal acionista o estado do Paraná. Está no ranking das 500 maiores empresas do Sul do Brasil e entre as 100 maiores do Paraná. Seu centro de operações está localizado em Cascavel
A Estrada de Ferro Paraná Oeste S/A, ou Ferroeste, é uma empresa ferroviária estatal brasileira criada em 15 de março de 1988, que tem como principal acionista o estado do Paraná. Está no ranking das 500 maiores empresas do Sul do Brasil e entre as 100 maiores do Paraná. Seu centro de operações está localizado em Cascavel

Cascavel – Logo depois de participar do 1º Fórum Econômico e Político do Oeste do Paraná, em Cascavel, na semana passada, o coordenador do projeto da Nova Ferroeste, Luiz Antonio Fagundes, concedeu entrevista exclusiva ao O Paraná atualizando informações sobre o andamento do cronograma, licenças ambientais e leilão da nova ferrovia. Conforme informou Fagundes, neste ano, os trabalhos ainda estão concentrados nas licenças ambientais. Por conta disso, a realização do leilão ainda em 2023 é algo improvável, com o pregão devendo ocorrer apenas no próximo ano.

“O projeto está muito maduro. Evoluiu bastante. Para ele se tornar realidade, falta resolver a questão ambiental. Já avançamos muito no licenciamento e, agora, estamos com as atenções voltadas para os estudos adicionais solicitados pelo Ibama e Funai”, disse Fagundes. Em relação ao Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), a equipe da Nova Ferroeste fará a entrega dos ajustes no projeto na próxima semana. Já a demanda da Funai (Fundação Nacional do Índio), depois da anuência, foram solicitados questões adicionais. “E vamos atender todos”, destaca o coordenador do projeto da Nova Ferroeste.

Fagundes imagina que todo o processo envolvendo as concessões das licenças ambientais será concluído até o fim deste ano ou início de 2024. “Vai depender muito da prioridade dentro da fila do Ibama. Vamos trabalhar junto ao governo federal para garantir essa prioridade”.

Pedidos da Funai

A reportagem do O Paraná questionou ao coordenador do projeto da Nova Ferroeste, se os estudos adicionais solicitadas pela Funai, em reunião recente ocorrida em Brasília, têm alguma relação direta com as áreas indígenas na região de Guaíra e Terra Roxa. Fagundes falou da existência de duas classes de estudos adicionais. Uma delas é a parte da fauna e da flora, conduzida pelo Ibama, com apresentação de sugestões, consideradas positivas.

Outra classe diz respeito a estudos adicionais solicitados pela Funai, que faz parte do licenciamento que o órgão solicitou em algumas comunidades indígenas que não tinham sido previstas inicialmente, com a finalidade de garantir segurança jurídica do empreendimento. “Vamos atender. Vamos resolver. O projeto está muito bem construído, então, não vai ser um problema. É importante para dar tranquilidade ao investidor”.

Os estudos adicionais envolvem as aldeias ao longo do trajeto, mas fortemente concentrado na região de Guaíra e também no Mato Grosso do Sul, além de áreas do Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras e na Serra do Mar.

Trabalho histórico

Recentemente, o governador do Paraná, Ratinho Junior, esteve com o presidente da República, quando destacou a necessidade de dar uma atenção especial ao projeto da Nova Ferroeste. “É um projeto com DNA paranaense. É a primeira vez na história que um governo do estado toma liderança no Brasil para construir uma ferrovia, esta que é uma solução nacional. Se observarmos tudo que foi feito nas últimas décadas em relação a investimentos de infraestrutura na nossa região, e em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, nada aconteceu. Foi tudo esforço individual”, comparou Fagundes.

Para a equipe debruçada em dar celeridade ao projeto, não será apenas a transformação da logística de transporte do Paraná, pois promoverá ao menos 30% de redução de custo para o Brasil, mas vai proporcionar ao Estado de ser tornar uma das principais centrais logísticas da América do Sul, com reflexos nos vizinhos Paraguai e Argentina.

Ação técnica

E por falar em Governo Lula, Fagundes é categórico: não trabalhamos com ideologia no Estado. “A sociedade nos paga para trabalhar e não para brigar. Desde 2019, estamos conduzindo um trabalho absolutamente técnico, observando as melhores práticas de mercado”. Entretanto, em algumas situações específicas é preciso olhar o lado político do assunto. “Isso porque temos uma lista de prioridades dentro do Ibama e precisamos trabalhar em sintonia com o governo para dar celeridade ao projeto, que já está no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) portanto, tem atenção nacional e faz parte dos projetos apresentados pelo governador Ratinho Junior ao governo federal”.

Fagundes não descartou a hipótese da Nova Ferroeste ser interligada à malha ferroviária FICO (Ferrovia de Integração Centro Oeste), que vai de Mara Rosa, em Goiás a Água Boa, no Mato Grosso. “Há sim uma chance de acontecer [Nova Ferroeste a ferrovia FICO], mas estamos falando de décadas”.

O projeto

O Corredor Oeste de Exportação ou a Nova Ferroeste tem como premissa ligar o Porto de Paranaguá até Maracaju no Mato Grosso do Sul, com o objetivo de oferecer um modal adequado e eficiente para o escoamento de produtos e mercadorias provenientes do Oeste do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Paraguai.

A inclusão do empreendimento na carteira de investimentos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do Governo Federal possibilita torná-lo atrativo para a iniciativa privada e, dessa forma, ser leiloado na Bolsa de Valores (B3).

Pelos trilhos do Corredor Oeste de Exportação, estimam-se que passem 38 milhões de toneladas no primeiro ano.

Foto: SEIL/AEN