ISTAMBUL ? O governo da Turquia afastou mais 820 militares em repressão à tentativa de golpe contra o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, em julho, segundo a agência de notícias estatal. Os funcionários suspensos pelo Ministério da Defesa Nacional eram do Exército e da Marinha, e 648 já haviam sido presos. No total, 4.451 militares já foram expurgados desde o golpe fracassado, incluindo 151 generais e almirantes.
Após a tentativa frustrada de tomar o poder na noite de 15 de julho, o governo turco lançou uma onda de repressão que já atingiu dezenas de milhares de pessoas. Erdogan acusa seu antigo rival, o clérigo Fethullah Gülen, de ter liderado o golpe fracassado. E, por isso, passou a perseguir supostos suspeitos de conexão ao seu movimento, a que chama de terrorista. Extraditado na Pensilvânia, nos EUA, Gülen nega envolvimento na iniciativa.
Cerca de 35 mil pessoas já foram detidas para interrogatório, enquanto mais de 17 mil foram formalmente presas e deverão enfrentar julgamento. Outras dezenas de milhares de outras pessoas foram alvo de suspensões ou afastamentos dos seus empregos, incluindo militares. Neste mês, procuradores pediram a prisão de 84 professores por suspeita de conexão a Gülen.
Nesta quinta-feira, Ergodan defendeu a detenção de 3.495 juízes e procuradores já realizadas. O presidente afirmou que a medida não enfraqueceria o poder judiciário:
? Pelo contrário, acredito que isso causará um significativo alívio na implementação da real justiça ? afirmou o presidente no complexo presidencial em Ancara.
Além disso, dezenas de veículos de imprensa foram fechados pelo governo, em mais uma medida de repressão ao golpe. A Turquia ocupa hoje o 151º lugar no ranking de Liberdade de Imprensa no Mundo, de um total de 180 países. Após a repressão contra jornalistas, a Anistia Internacional denunciou ?restrições draconianas à liberdade de expressão?. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) também condenou as ordens de prisão.