Cotidiano

Decisão de Lewandowski era o que Cunha ?sempre quis?, diz Rodrigo Maia

BRASÍLIA – O presidente em exercício, Rodrigo Maia, disse ao GLOBO nesta sexta-feira que o ministro Ricardo Lewandowski fez, ao permitir o fatiamento do impeachment de Dilma e a manutenção de seus direitos políticos, o que Eduardo Cunha “sempre quis”. O presidente da Câmara afirmou que vai analisar na segunda-feira com a assessoria jurídica da Câmara qual é o impacto que a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) tem sobre o caso Cunha, cuja cassação está marcada para o próximo dia 12.

Maia, que está desde ontem despachando do terceiro andar do Palácio do Planalto no lugar do presidente Michel Temer, que está em viagem a China, disse que, por ele, tem “chance zero” de a cassação de Cunha não ser votada nessa data.

? Não li a decisão do Lewandowski, sei que ele vocalizou na linha do que o Cunha sempre quis. Na segunda-feira vou analisar, com a assessoria jurídica da casa, o que pode ser feito. Só vou decidir sobre isso no dia 12, dia da votação, no plenário. Estamos analisando juridicamente se há impacto da decisão tomada no caso Dilma sobre o Eduardo Cunha ? afirmou, brincando que só quer voltar a falar desse assunto no dia 7, quando deixa de ser presidente: “estou de férias desse assunto”.

Maia disse acreditar que o STF não irá reverter o impeachment de Dilma. Para ele, a única questão que ainda pode ser revista é o fatiamento.

? Acho difícil a decisão do impedimento ser revista. A única coisa que pode ser revista é o fatiamento. O presidente do STF participou da posse. Não vejo como reverter essa decisão ? disse, completando em seguida:

? Agora a política vai tratar da política. Não dá mais para ficar tratando desse assunto. Dilma já passou. Deixa ela para lá. O Congresso tem que olhar para frente. Deixa o Judiciário tratar disso (questionamentos sobre a votação do impeachment).

O presidente da Câmara, que chegou a ser cogitado por Temer para ser o líder do governo na Câmara, reconheceu que causou mal-estar o acordo costurado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com aliados de Dilma para manter os direitos políticos da petista, mas disse que foi um problema pontual. Ele defendeu Renan e disse que DEM não vai criar atritos com o governo.

? As coisas vão se ajustar. O DEM é governo. Não vamos cair na pegadinha de ficar criando atrito com o governo. Essa página está virada. Não foi confortável, mas está feito. O Renan foi pra China com o presidente. Ele tem uma experiência enorme, vai ajudar muito o governo. Não tem porque achar que um episódio pontual vai atrapalhar o papel dele no Legislativo ? disse.