
Em ?Congresso brasileiro expulsa deputado que liderou destituição de presidente?, o ?New York Times? lembra que o ex-deputado conduziu o Congresso com destreza, sendo considerado um dos políticos mais poderosos até poucos meses atrás, mas se tornou um símbolo da corrupção e impunidade em Brasília. O jornal ainda mencionou que as investigações contra Cunha envolvem sua família e os gastos de sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz, no exterior.

Fazendo menção à comparação entre Eduardo Cunha e Frank Underwood, o inescrupuloso político interpretado por Kevin Spacey em ?House of cards?, o britânico ?The Guardian? descreveu o peemedebista como ?artífice do impeachment de Dilma Rousseff?. O jornal também citou as advertências feitas pelo ex-deputado antes da votação ?avassaladora? que cassou seu mandato por 450 votos a 10:
?Não foi a primeira ameaça velada que Cunha fez em uma carreira construída sobre a intimidade com os segredos de outros políticos e impulsionada por seu controle sobre o financiamento de campanhas. Isto o tornou um político poderoso, mas ele também era temido por seus pares e insultado pelo público?, diz a reportagem, que chama de ?sangria? a crise política brasileira.
A agência internacional de notícias ?AFP? também mencionou o protagonista de ?House of cards? ao noticiar a queda do ex-presidente da Câmara, dando destaque à coletiva realizada após a ?goleada? que o tornou inelegível. O veículo ainda lembrou que em 5 de maio o mandato do ex-deputado foi suspendo pelo STF: ?Desde então, Cunha, 58 anos, profundo conhecedor do regimento da Câmara dos Deputados, lançou mão de todos os recursos legais e manobras dilatórias para evitar sua cassação?.

Mas este político carioca nascido em 1958 não vai embora sem ter ganhado sua maior batalha: a do impeachment de Dilma Rousseff, a estacada definitiva na mulher a quem fez uma oposição feroz durante anos. Tanto que em novembro do ano passado, membros do Partido dos Trabalhadores de Rousseff anunciaram que votariam contra ele na Comissão de Ética. Horas depois, ele respondeu desencadeando o impeachment. Acelerou todos os processos que o favoreciam e colocou obstáculos às barreiras burocráticas que poderiam detê-lo. No dia em que renunciou ao cargo de Presidente da Câmara, alegou, entre lágrimas, que sofria perseguição pelo feito. Semanas depois, Dilma Rousseff caía do cargo mais influente que existe na política brasileira. Hoje, Cunha tinha um posto bem menor, mas caiu de uma altura parecida.