Para tornar o acesso à cultura cada vez mais amplo, um importante passo é descentralizar as atividades, para que a população consiga participar. Foi pensando nesta facilitação do acesso que a Fundação Cultural de Foz do Iguaçu criou o programa “Foz Fazendo Arte”, que leva oficinas artísticas e culturais totalmente gratuitas aos bairros da cidade.
Cada uma delas é ministrada por um arte-educador, profissional responsável por estimular os participantes a descobrirem talentos escondidos, como foi em uma das aulas do professor Anderson Passos, que ensina artes visuais aos acolhidos do Albergue Lar Esperança.
Durante as aulas de pintura, alguns dos participantes se destacaram ao produzir desenhos e obras com uma qualidade diferenciada. Além de uma oportunidade para aprender, conseguem ainda vender as peças e obter renda.
“No Albergue nós trabalhamos com uma grande rotatividade, pois não sabemos se na próxima aula esse mesmo aluno vai estar. Então é sempre um desafio pensar em aulas que sejam concisas. Por esse motivo, nós estamos sempre nos surpreendendo com o que é feito por eles”, contou Anderson.
Anderson trabalha no setor cultural há mais de 20 anos e encontrou no “Foz Fazendo Arte” uma oportunidade nova para se desafiar dentro do que conhece tão bem. Atualmente ministra as oficinas no Albergue, CAPS AD e em Centros de Convivência.
Outro benefício advindo do programa é a renda mensal, que foi muito afetada durante a pandemia. “Quando tudo parou, não tinha muito onde trabalhar. Foi difícil para todos. Quando fui chamado para retornar a dar aulas pelo programa, finalmente tudo começou a andar. Vale muito a pena toda essa dedicação”, completou Anderson.
Resultados vistos em prática
A cada novo acorde que aprende, Simone Rodrigues fica animada para conhecer mais sobre o empolgante som do violão. Ela participa das oficinas de música, ministradas pelo professor Edivilson Lambert no projeto social “Aprendendo a Viver”, em Três Lagoas.
Mais do que uma aluna, Simone se tornou uma divulgadora das aulas e traz novos alunos sempre que pode. “Pensamos que seria bom termos uma banda para tocar na igreja, então quando soube sobre esse projeto já chamei os jovens que se animaram e começaram a participar comigo. Alguns já estão até tocando na igreja e é muito bonito de se ver”, disse.
Para Edivilson, que também possui mais de duas décadas ramo cultural, o sentimento ao ver um aluno progredindo é sempre especial. “Não é só cantar ou tocar um instrumento. A música tem um poder quase desconhecido de impactar a vida de quem a consome ou produz, então é nisso que tento focar a cada aula, trabalhando disciplina, paciência e união”, explicou.
São cerca de 30 alunos que semanalmente aprendem sobre musicalização, aspectos teóricos, e, claro, a parte prática. Todos esses elementos em conjunto contribuem para formar novos músicos.
“Essa experiência é muito válida, por estarmos em um bairro e vermos a mudança que isso causa aqui dentro. Acredito que essa é a meta ao trabalharmos com a população”, frisou o músico.
Edital aberto
O programa conta com mais de 20 arte-educadores já trabalhando em espaços como Centros de Convivência, espaços culturais e de acolhimento. Para aumentar a oferta de atividades, a Fundação Cultual está com o edital aberto para a contratação de novos profissionais.
As inscrições terminam no dia 22 de março e o cadastro deve ser feito somente pela internet, por meio da plataforma Sic Cultura (https://www.sic.cultura.pr.gov.br/). O edital prevê o pagamento de até R$ 7 mil mensais aos educadores com curso superior na área e cerca de R$ 6,5 mil aos profissionais sem graduação. Os valores são referentes ao número de horas/atividades mensais, que não poderá passar de 140h.
Os locais de trabalho são: Centros de Convivência Escola Bairro (CCEB), Centro da Juventude, Centro de Convivência do Idoso (CCI), Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), Centro de Atenção à Criança e ao Adolescente (CAIC) e na Estação Cultural João Sampaio, na Vila C.
“O potencial do ‘Foz Fazendo Arte’ se mostra cada vez mais surpreendente. Os estilos culturais são variados e muito amplos, com essa proximidade, poderemos ver cada vez mais pessoas criando e ensinando”, destacou o diretor-presidente da Fundação Cultural, Juca Rodrigues.
Assessoria