O desassoreamento do Lago Municipal de Cascavel foi discutido em um workshop realizado pela Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), na manhã de sexta-feira (21). O encontro virtual contou com a presença dos técnicos da Sanepar e da Prefeitura de Cascavel, de órgãos estaduais e municipais, entidades, instituições, sociedade civil organizada e de veículos de comunicação.
Conforme Raul Alberto Marcon, engenheiro civil e coordenador de Gestão de Reservatórios e Mananciais da Sanepar, o desassoreamento vai acontecer em seis etapas, iniciando pela compatibilização e adequação do projeto, com a possibilidade de proposição de soluções alternativas e de inovação tecnológica. “A primeira etapa exige todo um levantamento de batimetria”, explicou.
Esse trabalho deve se estender até junho, quando se inicia efetivamente a segunda etapa que é a retirada do lodo. O desassoreamento prevê a dragagem com a retirada e destinação de 21.618,89 m³ de sedimentos, como lodo, areia, solos e cascalhos.
Na terceira etapa serão feitas dragagens no entorno, com adequação das três principais drenagens de afluentes situadas no entorno do lago. As intervenções vão permitir a contenção de sedimentos arrastados pelas chuvas. Esse trabalho está previsto para o período de julho a dezembro. Em paralelo, seguirá a etapa de conformação de taludes e contenções laterais nas margens do perímetro do lago.
A recuperação ambiental de pedreiras ou áreas degradadas com biomanta vegetal biodegradável será feita na quinta etapa, por meio de espalhamento e homogeneização de solos escavados e dragados provenientes do fundo do lago. A última fase do processo de desassoreamento envolve o monitoramento com visitas e análises ambientais em frequência semestral.
O último desassoreamento aconteceu entre 2008 e 2010, quando segundo a companhia, foram retirados 108.000 m³ de lodo.
Representando a Câmara de Vereadores, Celso Dal Molin questionou a diferença da quantidade de lodo retirada no desassoreamento anterior, em relação ao volume previsto neste novo trabalho. Raul Marcon explicou que a projeção está correta, pois o volume de lodo que se acumulou nos últimos 12 anos foi de 21.618,89 m³, conforme análise técnica no fundo do lago. Contudo, Dal Molin enfatiza que “a gente vai confirmar que lá em 2008 não foi retirado 108.000 m³”.
EXECUÇÃO DA OBRA
Para que o trabalho pudesse sair do papel, no mês passado foi lançado o edital de licitação para a execução da obra de desassoreamento do Lago Municipal de Cascavel.
A vencedora da licitação foi a Construtora Hamirisi Ltda, que apresentou proposta no valor de R$ 3.877.377,00 para execução dos trabalhos, sendo que o preço máximo estabelecido pelo edital era de R$ 4.654.629,93. O prazo para execução dos serviços é de 360 dias.
A Sanepar informou durante o encontro virtual que o contrato com a empresa já foi aprovado e homologado. Em duas semanas, o documento estará à disposição do Município, para que tenha início à obra a partir de fevereiro.
O secretário do Meio Ambiente, Nei Haveroth, falou que a recomendação seria diminuir um metro do volume de água para que a população possa verificar a retirada do lodo. “Este é um pedido da secretaria”, enfatizou.
O coordenador Raul Marcon disse que dependendo da situação, tudo pode ser reavaliado.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Além da atuação no desassoreamento, a Sanepar pede a ajuda da população para não jogar lixo e materiais orgânicos no Lago Municipal. A companhia já tem um contrato que consiste no trabalho de educação ambiental e conscientização.
As casas e imóveis que fazem parte da região da Bacia do Rio Cascavel passarão por vistoria técnica operacional e os moradores serão orientados.
Rita Camana, gerente geral da Sanepar, disse que as visitas ainda não ocorreram por conta da pandemia de Covid-19. “Assim que a situação melhorar, as vistorias nas casas vão nos trazer outros aspectos. Também vamos checar as redes de esgoto”.
Camana também contou que já foi feito um trabalho com a Sema (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) para identificar todos os potenciais poluidores.
CRISE HÍDRICA
Desde 2019, as cidades das Regiões Oeste e Sudoeste estão sofrendo com a crise hídrica. A média anual de chuva acumulada em Cascavel caiu de 2.500 milímetros para a casa dos 1.300 nos últimos dois anos.
Com isso, os municípios da região estão em alerta e o rodízio no abastecimento tem se tornado frequente.
Em Cascavel, os níveis dos mananciais que abastecem a cidade estão com redução de 25% do volume ideal, apesar da pequena contribuição das chuvas dos últimos dias.
De acordo com o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), há previsão de 1,5 milímetro de chuva no domingo. A próxima semana também deverá ser marcada por chuva em curtos períodos do dia.
Redação: Paulo Eduardo
FOTOS: Arquivo Sanepar