No núcleo regional estão sendo pagos R$ 195,5 milhões neste mês
Cascavel – O fim do ano ainda está distante, mas tem muita gente que já está aproveitando um dinheiro extra no bolso. Enquanto a maior parte da população recebe a primeira parcela do 13º salário em novembro, quase 1,8 milhão de paranaenses estão recebendo neste mês de agosto R$ 1,15 bilhão correspondente à antecipação do abono aos aposentados e pensionistas.
Somado com a folha do mês, este dinheiro representa em todo o Estado quase R$ 2,3 bilhões circulando no comércio.
Em 94 municípios do escritório regional do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) de Cascavel são 339.109 beneficiários que estão recebendo mais de R$ 195,5 milhões correspondendo à antecipação de parte do abono. Somando à folha mensal de pagamento, o ingresso na economia é de R$ 391 milhões.
Mas se engana quem pensa que este dinheirinho extra, apesar de já esperado, vai para as compras, ou refletirá imediatamente nas vendas.
Para o vice-presidente do Sindilojas (Sindicato dos Lojistas e do comércio Varejista de Cascavel e Região), Leopoldo Furlan, boa parte deste recurso vai para pagar as contas atrasadas e deixar a vida financeira em ordem. “Se sobrar alguma coisa, as pessoas vão acabar comprando, mas sentimos que a prioridade é pagar as contas e cuidar minimamente do nome para não entrar em nenhuma lista dos maus pagadores e chegar ao fim do ano impedido de fazer as compras de Natal”, reforça.
Para o economista Leandro Mourão, alguns cuidados precisam ser mantidos com esse dinheiro. A prioridade, segundo ele, é o pagamento das contas, principalmente as que tiverem jutos mais elevados como cartão de crédito e cheque especial, mas o segredo mesmo está na eliminação dos desperdícios. “Mais do que cortar o supérfluo, porque o supérfluo é gostoso, as pessoas precisam eliminar o desperdício que significa dinheiro indo para o ralo. É o excesso de gastos com água, com luz, o desperdício de comida, os juros do cartão e do cheque especial. Isso sim é dinheiro jogado fora”.
Para o economista, é bastante claro que quem recebe a primeira parcela do 13º agora são pessoas que recebem, em média, um salário mínimo e para estes beneficiários é mais difícil economizar. “Geralmente são pessoas que gastam com a alimentação, com as contas do dia a dia, para elas fica mais difícil poupar, mas se sobrar algo é importante ter esta reserva”.
Além disso, as prioridades precisam ser observadas, afirma o economista. “Se quem recebeu a parcela tem um exame de saúde urgente para fazer, a prioridade é que o faça e depois com a segunda parcele coloque as contas em dia”, reforça.
Quem e como pode receber
Essa antecipação da primeira parcela do 13º salário foi definida pelo Decreto 9.111 do governo federal. Ela corresponde a até 50% do valor total a ser recebido e está sendo paga em agosto.
Já a segunda parte do abono anual, correspondente à diferença entre o valor total e aquele pago na primeira parcela, será disponibilizada aos beneficiários no pagamento de novembro, descontado Imposto de Renda, se for o caso.
De acordo com a lei, tem direito ao 13º salário quem, durante o ano, recebeu benefício previdenciário como aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-acidente, auxílio-reclusão ou salário-maternidade. No caso de auxílio-doença e salário-maternidade, o valor do abono anual será proporcional ao período recebido.
De acordo com a Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, aqueles que recebem benefícios assistenciais, como o BPC/Loas (Benefício de Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social) e RMV (Renda Mensal Vitalícia) não têm direito ao abono anual. O desconto do imposto de renda, se for o caso, incidirá somente sobre a segunda parcela da gratificação.
Mas se engana quem pensa que este dinheiro já surtiu grandes efeitos no comércio. A maior parte dos beneficiários está optando por pagar as contas. “Uma grande parcela de aposentados e pensionistas tem empréstimo consignado. Isso significa que terão desconto direto na folha. O dinheiro extra, como já era esperado, vai servir para que muitos endividados paguem suas contas”, afirma o economista.
Vendas de fim de ano: crescimento só de 2%
Com o pagamento da primeira parcela do 13º salário dos aposentados e pensionistas, a luz de alerta é ligada para o comércio indicando que o fim de ano está mais próximo.
Aos poucos os varejistas se movimentam para o momento mais esperado para a economia renovando seus estoques, as coleções e algumas empresas cogitam contratações temporárias, que devem ocorrer a partir de outubro.
Apesar de alguns sinais da recuperação na economia, não há muito otimismo no comércio varejista, de modo geral.
Para o vice-presidente do Sindicato dos Lojistas e do comércio Varejista de Cascavel e Região, Leopoldo Furlan, os setores calçadistas e de roupas deverão contratar mais pessoas, mas em média, as vendas deverão crescer no máximo 2%. “As pessoas ainda estão muito cautelosas e sem saber o que fazer. Mais que isso, estão sem saber o que vai acontecer. As pessoas vão comprar neste fim de ano, mas o valor médio do ticket deverá diminuir”, ponderou.
Para Leopoldo, outros setores já podem se sentir beneficiados se as vendas se mantiverem nos patamares do ano passado. “É claro que as pessoas terão o 13º salário, mas de modo geral todos estão mais conscientes. Pagam as contas, fazem uma reserva e vão investir numa viagem e nas aquisições só se o dinheiro de fato alcançar”, avaliou.