A informação foi divulgada em entrevista coletiva realizada na manhã dessa quarta-feira (6) com integrantes da farmacêutica, da prefeitura, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Hospital Moinhos de Vento, que comandam o estudo.
O município é o único do Brasil e em países em desenvolvimento a participar da pesquisa. Para isso, a cidade recebeu um reforço de doses da vacina da Pfizer no fim de agosto, a fim de imunizar também os adolescentes de 12 a 17 anos.
Serão recrutados cerca de 4,5 mil participantes em um período estimado de seis a nove meses. Essas pessoas vão ser convidadas a participar quando procurarem serviços de saúde do município com sintomas gripais ou respiratórios.
Aqueles que testarem positivo farão parte de um grupo de observação, e os que testarem negativo ficarão em um grupo de controle. A estimativa é a de que a divisão seja na ordem de 1,5 mil casos positivos e 3 mil negativos.
Segundo os pesquisadores, faltam alguns ajustes operacionais para iniciar o recrutamento. A pesquisa de metodologia híbrida é para entender o comportamento da doença em um cenário de vida real no Brasil. Os primeiros resultados são esperados para daqui um ano.
No longo prazo, o estudo vai acompanhar a reprodutibilidade dos testes feitos em laboratório, e observar questões ainda não respondidas, como o impacto da vacina na ocorrência de casos Longa Covid – sintomas persistentes como falta de sono, por exemplo.
Os pesquisadores também querem avaliar a proteção da duração conferida pelas vacinas no longo prazo.
“O estudo nos propicia avaliar novas questões que são bastante importantes. Isso gera grande validade externa, de aplicar esse dado no contexto do Brasil”, explicou Regis Goulart Rosa, pesquisador do Hospital Moinhos de Vento.”
Além disso, os 1,5 mil participantes que testarem positivo vão ter o genoma do vírus analisado para identificação da variante – o que é feito por amostragem atualmente no Paraná.
“O vírus muta com facilidade, e quando as mutações se tornam expressivas a ponto de alterar a facilidade de transmissão, a gravidade da doença ou escapar do sistema imune, [a análise] pode nos dar subsídios para termos estratégias mais adequadas para o controle da pandemia”, afirmou Cristina de Oliveira Rodrigues, diretora do campus Toledo da UFPR.
Vacinação em Toledo
De acordo com a Prefeitura de Toledo, até agora já receberam a primeira dose 98% da população com 12 anos ou mais. A segunda dose – ou única – foi aplicada em 56% da população. Quase metade da população recebeu a vacina da Pfizer.
Entre os adolescentes, o percentual de adesão à primeira dose foi de cerca de 92%. Eles vão tomar a segunda dose conforme o cronograma do Programa Nacional de Imunização (PNI). A pesquisa não interfere no esquema de vacinação.
Segundo a prefeitura, houve queda no número de novos casos de Covid-19 no último mês, mas não há diferença na redução entre a faixa etária dos adolescentes e as demais.
“A escolha da cidade se deu pela posição geográfica que ocupa, foram feitas análises de pontos positivos e negativos da capacidade que os pesquisadores teriam de acompanhar sem interferências, a estabilidade da doença na cidade e a capacidade de acompanhar os casos”, disse Juliana Spinardi, líder da área de vacinas da Pfizer Brasil, que também destacou a parceria com a UFPR.