Brasília – Em um movimento súbito, após o presidente Jair Bolsonaro afirmar, em nota, que “jamais” teve a “intenção de agredir quaisquer Poderes”, os ativos domésticos passaram a registrar forte valorização, em um pregão que até então era desfavorável para o mercado acionário. Em resposta, nessa quinta-feira (9), a Bolsa brasileira (B3) fechou com forte alta de 1,72%, aos 115.360,86 pontos, enquanto, no câmbio, o dólar caiu 1,86%, a maior queda percentual desde 24 de agosto, a R$ 5,2273.
Em comunicado após as manifestações do 7 de Setembro, Bolsonaro disse que a “harmonia é determinação constitucional, que todos, sem exceção, devem respeitar”. O presidente fez ainda aceno a Alexandre de Moraes, a quem chamou de “canalha” durante os comícios de terça-feira, ao citar “naturais divergências” com algumas decisões do ministro. A nota foi redigida pelo ex-presidente Michel Temer, que também intermediou um telefonema de Bolsonaro para Moraes.
Logo após a divulgação da nota, o dólar, que vinha na casa dos R$ 5,27, em queda de pouco mais de 1%, passou a cair 2,47%, cotado a R$ 5,1943. O Ibovespa, que cedia 0,6%, após tentar se firmar no positivo durante boa parte do pregão, virou rapidamente para alta de 1,75%, aos 115.400,87 pontos. Com o movimento, o índice recuperou 2 mil pontos em relação ao fechamento de quarta, quando ficou aos 113,4 mil pontos. Na mínima de ontem, bateu aos 112,4 mil pontos, menor nível intradia desde 25 de março.
Na semana, o índice cede 1,34% e, no mês, perde 2,88% – no ano, a retração está agora em 3,07%. Com a virada no final do pregão, o Ibovespa se descolou de Nova York, onde Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam com quedas de 0,43%, 0,46% e 0,25%.
“A importância do diálogo entre os Poderes para reduzir os ruídos políticos e, em especial, evitar o isolamento, era a única forma de reduzir o estresse da curva de juros e oferecer um risco menor, para, assim, justificar o potencial de valorização atual”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. “Em manifestação pública a respeito da crise institucional, Jair Bolsonaro colocou panos quentes sobre o inflamado último discurso e disse que não teve ‘nenhuma intenção de agredir quaisquer dos poderes’ e justifica que suas palavras ‘por vezes contundentes’, decorreram do calor do momento”, acrescenta o analista.