A equipe de Psicologia Hospital Universitário do Oeste do Paraná ganhou o 2º lugar da categoria Junior do prêmio Marisa Decat Moura, durante o XIII Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, um dos maiores congressos de Psicologia hospitalar do país, realizado no mês de setembro.
O trabalho finalista foi apresentado pela psicóloga do Huop, Jaquilene Barreto da Costa, residente de Psicologia, Aline Vaneli Pelizzoni e a acadêmica, Bruna Freire Ribeiro, e tem como título “Intervenção Psicológica em Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal com o uso de Diário Terapêutico: Relato de Experiência”. “O objetivo desse diário é oferecer um espaço seguro para que os pais possam expressar seus sentimentos, narrar a história e significá-la durante o período de internação do bebê na UTI Neonatal. É um trabalho pioneiro no país e com um resultado muito positivo no nosso hospital”, diz a psicóloga, Jaquilene Barreto.
O congresso é realizado todos os anos e busca premiar os três melhores trabalhos nas categorias sênior e júnior. Além desse trabalho, também foram apresentados outros dois: Comunicação Oral: Implantação de um ambulatório de luto: relato de experiência do atendimento com pais enlutados de uma UTI pediátrica; e E-pôster: Desfechos psicológicos de pacientes pós UTI Covid.
Diário Terapêutico
O diário terapêutico é oferecido para pais de bebês que nascem prematuros no Huop. É uma oportunidade para eles contarem e transcreverem o que estão sentindo e como querem que o filho conheça essa história, facilitando e incentivando o vínculo com ele, ressignificando a história familiar. “O diário foi desenvolvido para a UTI Neonatal, pois consideramos que o bebê que nasce prematuro sofre uma quebra do vínculo com a mãe, porque nasce ainda em fase de gestação, e essa ruptura pode trazer algumas implicações emocionais, tanto no desenvolvimento psíquico da criança quanto para a questão da maternidade. Então a gente oferece essa ferramenta para que a mãe possa recontar a história desse bebê, escrevendo no diário as vivências desse nascimento diferente”, diz a psicóloga Jaquilene.
Esse vínculo, ressaltado pelas psicólogas, é algo que fortalece o desenvolvimento do bebê, como o físico, o neurológico e o motor. A equipe de Psicologia do Huop teve como objetivo nesse trabalho mostrar que o psíquico da criança faz toda a diferença no desenvolvimento. ” Muitas vezes é desconhecida a importância do emocional do bebê na UTI Neonatal, que tem como função fazer cuidar exclusivamente do físico do bebê. E o vínculo com a família é a base de tudo”, diz a psicóloga residente do Huop, Aline Vaneli Pelizzoni. Os pais, de acordo com ela, usam essa ferramenta para reconstruir esse vínculo. “Existem muitos estudos que falam dessa formação de vínculo e reconhecimento do bebê desde a gestação, então desde o intraútero o bebê já começa a se reconhecer enquanto sujeito, mas para isso, exige que tenha uma outra pessoa que dê esse reconhecimento para ele”, cometa Aline sobre a importância dos pais demonstrarem seus sentimentos por meio dessa ferramenta.
Jaquilene ainda reforça que o trabalho de um psicóloga em uma UTI Neonatal é fundamental. “A equipe trabalha com a questão corporal e a gente trabalha com o psíquico, se a gente pensar que as relações iniciais são as relações mais importantes da nossa vida, que vão determinar como o ser humano vai agir frente à situações que ele vai se deparar durante toda sua vida, lembramos que essa relação é extremamente importante para o desenvolvimento psíquico de todo ser humano”, comenta a psicóloga e ainda completa, “cuidar dessas relações iniciais é primordial, pois vai interferir em toda nossa vida”.
O diário é escrito pelos pais e permanece sempre com eles. Em alguns casos, é possível que o autor não seja alfabetizado ou que não tenha muita afeição pela escrita, por isso pode ser feito da maneira que for melhor para os pais, como por imagens, desenhos, ilustrações ou datas.
A confecção é feita toda no hospital e a ideia é poder expandir esse trabalho para outras áreas dentro do Huop. “Começamos a realizá-lo de forma frequente há mais de um ano, e também já oportunizamos com algumas adaptações a outros pacientes de outras unidades, como a Covid-19, conforme analisamos a necessidade. É um diário importante para que o paciente saiba o que aconteceu no período em que não tem lembranças, devido à internação, sedação e tratamento em uma Unidade de Terapia Intensiva”, finaliza Jaquilene.