Agronegócio

Zonas livres de aftosa sem vacinação serão oficialmente reconhecidas pela OIE

Pecuária leiteira, Gado de leite, Ordenha, Armazenamento de leite
Pecuária leiteira, Gado de leite, Ordenha, Armazenamento de leite

Nesta quinta-feira (27), o Brasil terá a confirmação da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) sobre essa conquista alcançada com empenho de vários profissionais, entre eles os auditores fiscais federais e estaduais agropecuários e tantos outros que atuam na área de medicina veterinária. E o Paraná celebrará uma grande conquista: a certificação internacional de área livre de febre aftosa sem vacinação.

Além do Paraná, receberão a certificação Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso.

Com essa conquista, o Brasil passa a ter 20,7% do rebanho bovino e 47,2% do rebanho suíno em áreas livre da doença, sem vacinação, incluindo Santa Catarina, que foi o primeiro estado brasileiro a receber essa certificação internacional.

A expectativa é de que todo o País esteja totalmente livre da aftosa sem vacinação até 2026, conforme meta prevista no Pnefa (Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa), o que trará mais benefícios econômicos a toda a nação, possibilitando a ampliação da exportação de produtos de origem animal e diminuindo custos aos produtores rurais brasileiros. A erradicação da doença no Brasil é perseguida há mais de 60 anos pelo governo federal e autoridades sanitárias, e vem ocorrendo por etapas. Atualmente, somente o estado de Santa Catarina tem a certificação internacional.

Segundo o auditor fiscal federal agropecuário Diego Viali dos Santos, que há 15 anos trabalha no Serviço Veterinário Oficial, “agora, temos 20% do rebanho bovino e cerca de 50% da população de suínos do País nessas regiões livres da febre aftosa sem vacinação, podendo atingir outros mercados, trazendo benefícios a todos os produtores rurais, que é com quem trabalhamos diretamente”, destaca.

Diego atua na Divisão de Febre Aftosa do Departamento de Saúde Animal (DIFA/SDA) desde 2018 e já foi coordenador estadual do Programa de Prevenção e Erradicação da Febre Aftosa na Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul de 2006 a 2009.

Com a experiência e visão de quem acompanha de perto todas as etapas do processo para erradicação da febre aftosa, Diego relembra a importância da comunicação com o produtor rural para o avanço desse Programa. “Trabalhamos muito na educação e na comunicação com o produtor, porque depende dele a iniciativa de notificar o serviço veterinário oficial quando há suspeita que seu rebanho esteja infectado pelo vírus da aftosa”.

O auditor conta que, em Santa Catarina, já são cerca de 4 milhões de bovinos que pertencem à zona livre de febre aftosa sem vacinação e, com o ingresso dessas novas áreas, outros 40 milhões de bovinos existentes nesses estados passarão a pertencer a zonas livres sem vacinação.

Apenas três países da América Latina são considerados livres de febre aftosa sem vacinação, pela OIE: Chile, Guiana e Peru. Além disso, existem zonas livres dentro de países (como é o caso de Santa Catarina) na Argentina, na Bolívia, na Colômbia e no Equador. Nessas áreas livres sem vacinação da América do Sul, exceto o Brasil, há cerca de 13 milhões de bovinos, demonstrando ainda mais o impacto desse novo reconhecimento brasileiro – só no Brasil haverá aproximadamente 45 milhões de bovinos em áreas livres sem vacinação, mais de três vezes o que há no resto dos países sul-americanos.

Fiscalização e inspeção

A febre aftosa é uma doença infecciosa aguda que causa febre, seguida do aparecimento de vesículas (aftas), principalmente, na boca e nos pés de animais de casco fendido e o último passo da erradicação dessa doença numa região é a retirada da vacinação. “É esse resultado que será validado pela OIE nesta semana. Ele é fruto de um trabalho conjunto de muitos grupos envolvidos, incluindo vários auditores fiscais federais agropecuários”, reforça Diego.

Com relação ao trabalho dos auditores no Pnefa, eles são distribuídos por superintendências estaduais. Cada uma conta com a presença de um auditor fiscal federal agropecuário, responsável por fazer a gestão estadual do programa. São eles que se comunicam diretamente com os Oesas (Órgãos Estaduais de Sanidade Animal) e todas demais partes interessadas, incluindo os produtores rurais.

Segundo Diego, todos os auditores que atuam em unidades de vigilância agropecuária internacional, na inspeção de produtos de origem animal, nos laboratórios de diagnóstico e controle de vacina, na área de saúde animal nas SFAs nos estados trabalham com a febre aftosa, mesmo que indiretamente.

No entanto, ele esclarece que ainda há muito a ser feito no Programa e que até 2026 espera que o País se torne totalmente livre da febre aftosa, sem vacinação.