Urna eletrônica
Foi-se o tempo em que, de posse da caneta dentro de um cubículo de papelão, o eleitor sentia-se livre para manifestar suas fantasias eleitorais. Então, ciente de que só um santo concebe um milagre e que é impossível a presença de um político metafísico neste mundo, o cidadão não titubeava em rabiscar a cédula: “Deus para presidente!”. Isso, quando não, chateado pela consumação de um feriado sem graça, mandava todos os postulantes – a qualquer cargo – para um lugar comum, menos para os palácios de governo. E, quando confuso com tantos números a decorar, mandava um “Deus salve o país!”. É evidente que a implantação da urna eletrônica há 25 anos não foge à democracia. Tem-se o direito ao voto – agora pelo teclado – ou à justificativa da ausência dele, mas a máquina cheia de números suprime, de certa forma, a liberdade de pegar numa caneta e opinar no papel sobre a postura de um candidato. Mandar alguém para Brasília, democraticamente, ou para o Afeganistão, discretamente.
Bodas de prata
Nos 25 anos da urna eletrônica completados ontem, o TSE deixou recado nas entrelinhas, no seu portal, ao presidente Bolsonaro: de que voto impresso já era.
Lembrete
Joaquim Barbosa, ex-presidente do STF e hoje advogado, ainda está filiado ao PSB – que rachou por ora entre candidatura própria ou apoio a Lula da Silva.
Troca de boton
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, vai trocar o PSD pelo Progressistas. Para não ser expulso do DEM, o deputado Luiz Miranda está correndo para o Republicanos.
**Menin na FM…
A Rádio Itatiaia, a mais tradicional de Minas Gerais (BH e mais três cidades), comprada pelo empresário Rubens Menin (MRV), é tão poderosa na audiência que ajudou a eleger um senador, dois deputados federais e dois vereadores só nas últimas eleições. É até apelidada de PRI: Partido da Rádio Itatiaia.
**…e no D’oro
O empreiteiro, também controlador da CNN Brasil, que ficou bilionário construindo casas e prédios populares, repetiu em Portugal o investimento de brasileiros amantes do bom vinho: adquiriu 50 hectares de uma centenária vinícula às margens do Rio D’Oro.
Mistério
É um mistério até hoje no Palácio. Nem a Secom soube responder, tampouco a agenda presidencial ditou seu perfil, como praxe para outros visitantes: ninguém sabe quem é Mariza Almeida de Souza Mendonça, que teve reunião com o presidente há três semanas, cuja pauta não foi divulgada.
Meus inimigos
Em visita a Maceió ontem, o presidente Jair Bolsonaro deixou claro que colocará a máquina do Governo a favor dos adversários do senador Renan Calheiros até as eleições do ano que vem. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o senador Fernando Collor e o prefeito de Maceió, JHC, estão na lista de prioridades.
Cerco…
Em meio à CPI da Covid, a tropa de choque de Bolsonaro na Câmara volta suas armas para o governador gaúcho Eduardo Leite, um dos pré-candidatos do PSDB à Presidência da República. Na Comissão de Seguridade Social e Familia, entrou em pauta ontem um pedido do deputado bolsonarista Bibo Nunes (PSL-RS) para que a Comissão e o TCU fiscalizem os recursos federais destinados à pandemia naquele estado.
…a adversários
Relator do mesmo partido e Estado do governador, Lucas Redecker (PSDB/RS) deu parecer pelo requerimento. Mas Uldorico (PROS-BA) e Benedita da Silva (PT-RJ) pediram vista e tiraram o assunto da pauta por pelo menos duas semanas.
Contas públicas
O Índice de Gestão Municipal Aquila, ferramenta de big data, aponta que 23% dos municípios brasileiros apresentam déficit fiscal em suas contas. Além disso, 61 cidades apresentam endividamento com comprometimento superior a um ano fiscal completo. O IGMA contempla 39 indicadores públicos de todos os 5.570 municípios brasileiros.