Cotidiano

Metade dos trabalhadores ganha abaixo do mínimo

Renda do 1% mais rico é 36 vezes a da média da metade mais pobre

São Paulo – Pesquisa divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revela que 50% dos trabalhadores brasileiros recebem por mês, em média, 15% menos que o salário mínimo. Na ouitra ponta, revela que o rendimento daqueles que ganham mais é 360 vezes maior do que o dos trabalhadores que têm renda mais baixa.

“Essa pesquisa enfatiza ainda mais o quão desigual é o país”, disse a gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

O levantamento foi feito ao longo de 2016 por meio da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Naquele ano, o salário mínimo era de R$ 880. Dos 88,9 milhões de trabalhadores ocupados no ano, 44,4 milhões recebiam, em média, R$ 747 por mês, a maioria informais.

Do total de trabalhadores, 4,4 milhões (5%) recebiam, em média, apenas R$ 73 mensais. Já 889 mil (1%) recebiam, em média, R$ 27 mil. Isso significa que aqueles com maiores rendimentos recebiam 360 vezes mais que os com menores rendimentos e 36% sobre a média da metade dos trabalhadores.

A soma dos rendimentos recebidos por todos os brasileiros em 2016 foi de R$ 255 bilhões por mês, em média. Desse valor, 43,4% estava concentrado nas mãos de 10% da população.

Por regiões

A análise regional mostrou que a Região Sudeste concentrou R$ 132,7 bilhões da massa de rendimento do País, superior à soma das demais regiões. Bem atrás estão as Regiões Sul (R$ 43,5 bilhões), Nordeste (R$ 43,8 bilhões), Centro-Oeste (R$ 21,8 bilhões) e Norte (R$ 13,4 bilhões).

O Sudeste detém 42% da população brasileira. Em contrapartida, 44% dos “outros rendimentos” pagos no País estão concentrados no Nordeste. “Aí a gente vê o tamanho da desigualdade econômica no país”, enfatizou Maria Lúcia.

Outros dados:

Renda per capita

O rendimento médio real domiciliar per capita foi de R$ 1,2 mil por mês em 2016. Nas regiões Norte e Nordeste, a média foi de R$ 772. A maior média foi observada no Sudeste, com R$ 1,5 mil.

Fontes de rendimento

Dos 205,5 milhões de habitantes no Brasil, 124,4 milhões (60,5%) possuíam algum tipo de renda em 2016, a maioria (42,4%) do trabalho, seguida de 24% de aposentadoria e benefícios sociais.

Bolsa Família

Considerando apenas o Bolsa Família, o IBGE constatou que 14,3% dos domicílios do País têm essa fonte de renda. No Nordeste, este percentual salta para 29,3% dos domicílios e no Norte para 27,2%. O menor percentual foi observado no Sul (5,4%), seguido pelo Sudeste (6,9%) e Centro-Oeste (9,4%).

Renda média

A Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) mostra que, em 2016, o rendimento médio mensal real dos 88,9 milhões de trabalhadores do País, com mais de 14 anos, resultou em uma massa mensal de rendimento de R$ 191 bilhões e rendimento médio de R$ 2.149. Os homens recebiam, em média, R$ 2.380 por mês, enquanto as mulheres recebiam R$ 1.836, o que representa 77,1% do rendimento masculino.

População e escolaridade

Segundo o IBGE, a população branca corresponde a 46,6% da população ocupada e a população parda, 43,4%. Em relação à escolaridade, a participação das pessoas com, no mínimo, o ensino médio completo foi 56,8% dos ocupados. Entre aqueles que não tinham o ensino fundamental completo ou equivalente, a participação foi 27,9% dos ocupados. As pessoas sem instrução ou que tinham menos de um ano de estudo apresentaram o menor rendimento médio (R$ 884). O rendimento das pessoas com ensino fundamental completo foi de R$ 1.395. Quem tinha ensino superior completo registrou rendimento médio três vezes maior que os que tinham somente o ensino médio completo e quase seis vezes o daqueles sem instrução.

Concentração de renda

Segundo a Pnad Contínua, em 2016, o 1% dos trabalhadores com os maiores rendimentos recebia mensalmente, em média, R$ 27.085, ou 36,3 vezes mais do que a metade da população com os menores rendimentos, que ganhavam, em média, R$ 747.

A massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita alcançou R$ 255,1 bilhões em 2016. A parcela dos 10% com os menores rendimentos da população detinha 0,8% do total, enquanto os 10% com os maiores rendimentos ficaram com 43,4%.

Trabalho infantil

No Brasil, em 2016, de um total de 40,1 milhões de crianças e adolescentes no grupo de 5 a 17 anos, 1,8 milhão estavam no mercado de trabalho. O nível de ocupação para essa população foi 4,6%, principalmente concentrado no grupo de idade de 14 a 17 anos. Entre as crianças de 5 a 9 anos de idade, 0,2% encontrava-se ocupada em 2016, ou aproximadamente 30 mil crianças, enquanto no grupo de 10 a 13 esse percentual era de 1,3% ou aproximadamente 160 mil crianças. De 14 a 15 anos, 6,4% dos jovens estavam ocupados (430 mil) e de 16 a 17 anos eram 17% (cerca de 1,2 milhão).