Itaipulândia – Após dez dias de tempo firme, os sojicultores da região podem respirar mais aliviados. As condições climáticas favoráveis não serviram para recuperar totalmente as áreas, mas boa parte delas evoluiu bastante no desenvolvimento, apesar de ainda estar atrasado em decorrência das baixas temperaturas pela manhã e à noite, o que impede o crescimento adequado das plantas.
Com base nos dados dos Núcleos Regionais da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Cascavel e de Toledo, neste momento, dos pouco mais de 1 milhão de hectares cultivados com a oleaginosa, 35% estão em desenvolvimento vegetativo, 55% em floração e 10% em frutificação.
“Apesar da recuperação, o que perdeu não tem mais volta”, avalia o técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) em Cascavel José Pértille.
Apesar das perdas médias de 6%, a colheita deste ano pode se aproximar de 4 milhões de toneladas nos 48 municípios das duas regionais. Ocorre que a colheita vai ser mais tarde nesta safra. “Se as condições climáticas tivessem sido favoráveis neste ciclo, neste momento nem teríamos mais soja em desenvolvimento vegetativo e cerca de 20% já estariam em maturação para serem colhidos no mês que vem, mas, como tudo atrasou, um ou outro produtor vai conseguir colher em janeiro, mas a intensificação da colheita deve mesmo ficar para fevereiro”, conta Pértille.
O clima nas lavouras
Os atrasos foram provocados por uma verdadeira avalanche de mudanças climáticas. Em setembro, quando ocorreu o fim do vazio sanitário e foi então liberado o plantio, faltou chuva, impedindo o começo da semeadura ainda naquele mês. Muitos produtores se arriscaram, cultivaram sem a umidade no solo torcendo para que a chuva viesse. Ela não veio e muitos tiveram que replantar porque as sementes simplesmente morreram debaixo da terra. Outros contaram com a colaboração de São Pedro no começo de outubro, quando choveu de verdade.
Só que em outubro acabou chovendo demais. No acumulado do mês, a região registrou cerca de 700 milímetros de precipitação quando a média para o período era de até 200 milímetros. Mais uma vez as plantas foram castigadas, a enxurrada levou plantações inteiras e provocou problemas sérios de erosão em muitas propriedades. Em seguida, vieram as temperaturas mais baixas ao amanhecer e à noite, inibindo o crescimento da soja.
Alerta para os casos de ferrugem
Conciliadas as temperaturas baixas e a umidade de outubro e início deste mês, vieram as doenças oportunistas, provocando apodrecimento das lavouras e o aparecimento de casos de ferrugem da soja.
E por falar em ferrugem, segundo o Consórcio Antiferrugem da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a região já confirmou dois casos da doença, um em Itaipulândia e outro em São Miguel do Iguaçu. Ambas são lavouras comerciais e, além dessas duas ocorrências, foi identificada a presença de esporos do fungo em lavouras de Maripá.
Desde o início do mês de dezembro as orientações técnicas alertam para a aplicação preventiva de fungicidas, tendo em vista que o fungo se prolifera pela deriva. Ele é levado de uma lavoura para outra pelo vento, alastrando-se com muita facilidade.
A doença, considerada uma das mais oportunistas e devastadoras da soja, pode acabar com lavouras inteiras, principalmente se os focos aparecem ainda nos períodos de desenvolvimento vegetativo, floração e frutificação.