Política

Sem professores, projetos na Apae correm risco de fechar

Cascavel – A demissão de 24 professores temporários da Apae de Cascavel no fim do ano passado e a não contratação de novos PSS (Processo Seletivo Simplificado) neste início de ano põem em risco o atendimento aos alunos especiais. Preocupados com o descaso, um grupo de pais articulou um abaixo-assinado que será entregue hoje ao Ministério Público.

Além de salas superlotadas, a falta de profissionais gera outro problema: o risco iminente de encerrar projeto de desenvolvimento pedagógico de alunos autistas. É o caso do Protea (Projeto Transtorno Espectro Autista), que visa oferecer mais autonomia a melhora no desempenho desses alunos. A diretora da Apae, Wagna Sutana, confirma esse risco.

“A informação que tivemos foi de que o projeto poderia acabar porque não tem professor suficiente. Meu filho não pode ficar fora disso [do projeto], pois só percebi melhoras depois que ele iniciou essas aulas. Seria uma perda muito grande e não tenho dúvidas que ele iria regredir”, conta uma mãe, que pediu para não ser identificada para não sofrer represálias.

Nas aulas do Protea, autistas são ensinados pelo método teach, uma das únicas maneiras de eles aprenderem. Todos os materiais são adaptados para o aprendizado, com texturas, formas e cores. Pais relatam avanços dos filhos, inclusive na socialização e na compreensão de ordens.

Sem critérios

A falta de professores causa outro problema na Apae: não permite que os alunos sejam separados por síndromes, de acordo com a limitação de cada um. “Hoje está tudo misturado numa sala só. Várias síndromes tratadas juntas não é aceitável, visto que isso traz um retrocesso muito grande em relação ao desempenho do aluno”, afirma Luiz Antonio Carneiro Chaves, pai de um aluno autista.

Medida visa “conter gastos”

A diretora da Apae, Wagna Suta, explica que a saída dos professores PSS da escola em Cascavel atende a uma determinação estadual sobre a “nova organização pedagógica proposta pelo governo”, que visa reduzir gastos. “A Apae só reorganizou as turmas dentro da determinação”, garante.

Agora, as salas são compostas da seguinte forma: 8 alunos por turma na educação infantil; 10 estudantes nas turmas de 7 a 15 anos, e acima desta faixa etária somam-se 12 estudantes por turma. Geralmente, para apenas um professor. “É humanamente impossível que um professor consiga atender todos os alunos da maneira como era feito anteriormente”, lamenta Luiz Antonio Carneiro Chaves.

A direção tenta, com apoio da Federação Paranaense, garantir ao menos metade das contratações necessárias. Mas ainda sem nenhuma resposta do Estado.

O que diz o Estado

De acordo com a Seed (Secretaria Estadual da Educação), a Apae de Cascavel mantém parceria com o Estado, que disponibiliza 44 professores para o atendimento de 331 estudantes matriculados na Escola Valéria Meneguel e 25 professores para o atendimento de 117 estudantes na Escola Luiz Pasternak, dentre os demais profissionais como diretor, pedagogo, secretário, atendente, serviços gerais, merendeira e instrutor.

Quanto à contratação dos PSS, a Seed diz apenas que estão agendados para o segundo semestre encontros com as equipes pedagógicas das escolas especializadas para rever e ressignificar a organização pedagógica desses serviços.