Cotidiano

Dramático: Estiagem no Paraná pode perdurar até fevereiro do ano que vem

Os paranaenses precisam torcer desde já para que o fenômeno La Ninã - que pode se formar no início do ano que vem - não se concretize

Nas localidades em que o tom é mais escuro, a ocorrência é de estiagem extrema, a maior em 50 anos
Nas localidades em que o tom é mais escuro, a ocorrência é de estiagem extrema, a maior em 50 anos

Curitiba – Com a pior estiagem dos últimos 50 anos, o Paraná parece longe do fim desse drama. O Simepar alerta que a falta de chuva pode se estender por todo o ano e seguir até o fim do verão, em fevereiro de 2021.

Uma passada de olho no mapa do Simepar mostra uma variação de diferentes tons de marrons, que medem a intensidade de estiagem no Estado. Trata-se do SPI, sigla em inglês para o Índice Padronizado de Precipitação. Nas localidades em que o tom é mais escuro – abrangendo parte das regiões oeste, central, sul, centro-sul, RMC e litoral -, a ocorrência é de estiagem extrema, a maior em 50 anos. Nas demais, o nível varia de estiagem leve (a pior dos últimos três anos), para moderada (10 anos) a forte (20 anos).

“Podemos esperar um resto de inverno seco, com poucos eventos e chuvas menos intensas até o início da primavera. Mesmo que chova mais na próxima estação do que agora, o volume ainda será insuficiente”, explica o diretor-presidente do Simepar, Eduardo Alvim. “Essa situação preocupa porque precisamos de pelo menos três meses de chuva dentro ou acima da média para conseguir recompor os níveis dos mananciais”.

La Niña

Mas nada é tão ruim que não possa piorar. Os paranaenses precisam torcer desde já para que o fenômeno La Ninã – que pode se formar no início do ano que vem – não se concretize. O resfriamento das águas do Oceano Pacífico pode ter como consequência um verão mais seco no Estado, justamente quando são esperadas as chuvas mais intensas, que ajudariam os mananciais a recuperarem o nível normal de vazão. “Se a estiagem se prolongar para o verão, as consequências serão muito graves”, alerta Alvim.

O cenário dramático visto nas cidades, onde o abastecimento de água fica comprometido com a falta de chuvas, também atinge o meio ambiente, aumenta o risco de queimadas, reduz a qualidade do ar, causando vários problemas respiratórios em um momento em que o mundo todo se preocupa com a covid-19, e traz impactos para a economia, afetando a agricultura, a produção industrial e o fornecimento de energia.

Inverno árido

O inverno, que já é um período normalmente seco, tem sido ainda mais árido neste ano. Com exceção de parte do centro-oeste e do sudoeste, a média de chuvas ficou o abaixo do normal em todo o Estado entre maio e julho. Este último mês ainda mais seco: em praticamente todo o Paraná, choveu de 80% a 100% menos do que era esperado para o período.

Em nenhuma das estações do Simepar o acumulado ultrapassou 60,2 milímetros no mês passado. O menor índice foi registrado na estação de Maringá, que chegou a apenas 8,6 milímetros.