Rio de Janeiro – A pandemia do novo coronavírus continua fazendo vítimas no mercado de trabalho e o Brasil registra números recordes. A taxa de desocupação subiu para 13,3% no segundo trimestre de 2020, ante 12,2% no período de janeiro a março. No segundo trimestre de 2019, a taxa estava em 12%.
Segundo os dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) divulgados nessa quinta-feira (6) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de pessoas ocupadas no Brasil teve redução recorde de 9,6% no trimestre encerrado em junho, frente ao trimestre anterior: a queda foi de 8,9 milhões de ocupados. O número de desocupados ficou estável em 12,8 milhões.
Com o tombo esperado para a atividade econômica, é unânime entre os analistas a avaliação de que a taxa de desemprego deve atingir patamares históricos em 2020. As projeções para a média do ano vão de 12,7% a 15,03% – o recorde foi registrado em 2017, quando a taxa ficou em 12,7%.
O afrouxamento das medidas de distanciamento social nas principais cidades do País também é um fator que deve impulsionar a taxa, segundo os analistas. Impedidas de circular, cerca de 6,5 milhões de pessoas deixaram a força de trabalho – o contingente de pessoas que trabalha ou busca emprego – desde o primeiro trimestre, segundo o IBGE. Caso elas voltem a procurar trabalho, vão elevar o resultado final.
“A volta das pessoas para a força de trabalho, por um lado, e a continuidade das demissões, por outro, devem continuar pressionando pela piora dessa taxa”, resume o economista João Leal, da Rio Bravo Investimentos.
Informal
A pandemia provocou perda generalizada de postos de trabalho no trimestre encerrado em junho, mas os mais afetados ainda são os trabalhadores informais, segundo Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
O País alcançou uma taxa de informalidade de 36,9% no mercado de trabalho no segundo trimestre, a menor da série histórica iniciada em 2016, com 30,8 milhões de trabalhadores atuando na informalidade. O resultado significa 6,038 milhões de trabalhadores informais a menos em apenas um trimestre, segundo Pnad Contínua. “A saída do trabalhador informal responde por mais de 70% da queda na ocupação”, disse Adriana.
O País registrou a demissão de 2,385 milhões de pessoas sem carteira de trabalho no setor privado no trimestre encerrado em junho, enquanto outros 2,495 milhões de trabalhadores por conta própria perderam suas ocupações.
Mais 2,942 milhões de vagas com carteira assinada no setor privado foram extintas em um trimestre. O total de vagas formais no setor privado desceu a 30,2 milhões, menor patamar da série. Houve uma perda ainda de 429 mil empregadores em um trimestre.
Outros 1,257 milhão de trabalhadores domésticos perderam seus empregos no período. Após a queda recorde, o trabalho doméstico caiu ao piso da série, 4,7 milhões de pessoas.
O setor público abriu 708 mil vagas em um trimestre, que, segundo o IBGE, responde a um movimento sazonal de contratação de mão de obra após as dispensas também sazonais no fim do ano anterior.