Curitiba – O ex-diretor-geral do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) Nelson Leal Jr. contratou novos advogados e, pelos nomes escolhidos, a principal conclusão é de que ele tenha optado por usar o instrumento da delação premiada. O que causa tremores em alguns personagens do Governo Beto Richa, a quem serviu no mesmo posto desde 2013.
Os novos advogados são Tracy Reinaldet e Gustavo Sartor. O primeiro ficou famoso por ter conduzido com sucesso uma das primeiras delações premiadas da Lava Jato – a de Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, implicada até a medula nos esquemas de propinas na Petrobras, personagem que já habitou as celas do Complexo Médico-Penal de Pinhais numa das primeiras fases da Operação.
Nelson Leal Junior pode estar seguindo para o mesmo caminho.
O ex-diretor do DER foi preso no fim de fevereiro passado pela Operação Integração, 48ª fase da Lava Jato, suspeito de auferir vantagens da concessionária Econorte após facilitar aumentos abusivos na tarifa de pedágio na Rodovia BR-369. O presidente da concessionária, Hélio Ogama, foi preso também na mesma ocasião.
Os procuradores do MPF (Ministério Público Federal) não encontraram explicações para o crescimento do patrimônio de Leal nos últimos anos. Um dos bens, confiscado logo após a prisão, foi um apartamento de luxo em Balneário Camboriú, avaliado em R$ 2,5 milhões. Na semana passada, o MPF pediu ao juiz Sergio Moro para que colocasse o imóvel em leilão como forma de garantir o ressarcimento de desvios de que acusa o ex-diretor do DER.
Uma coisa é certa: a experiência tem demonstrado que ninguém delata a si mesmo como se fosse o único personagem das tramoias identificadas pelos investigadores. A regra é que subam para andares superiores. No caso de Nelson Leal Jr., seu superior imediato era o ex-secretário de Infraestrutura e Logística José “Pepe” Richa (irmão de Beto).