O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou nesta sexta-feira (15) o uso de “cadáveres para fazer palanque”. Ele fez as críticas logo após enumerar medidas direcionadas para estados e municípios e, em seguida, voltou a pedir para congelar os salários de servidores públicos até o ano que vem.
O presidente Jair Bolsonaro ainda não sancionou o projeto de socorro de R$ 60 bilhões a estados e municípios, cuja contrapartida seria o congelamento de salários. Contudo, o Congresso ampliou o número de categorias a serem excluídas da medida e a expectativa agora é se o presidente irá vetar esse trecho.
“Vamos nos aproveitar de um momento desse, da maior gravidade, de uma crise de saúde, e vamos subir em cadáveres para fazer palanque? Vamos subir em cadáveres para arrancar recursos do governo? Isso é inaceitável, a população não vai aceitar. A população vai punir quem usar cadáveres como palanque”, declarou Guedes em entrevista no Palácio do Planalto para celebrar os 500 dias de governo.
Guedes disse que o Brasil é um gigante que pode ser saqueado: “Na hora que estamos fazendo esse sacrifício, que o gigante caiu no chão, é inaceitável que tentem saquear o gigante que está no chão. Que usem a desculpa da crise da saúde para saquear o Brasil na hora que ele cai. Nós queremos saber o que podemos fazer de sacrifício pelo Brasil nessa hora e não o que o Brasil pode fazer por nós”, acrescentou, parafraseando o ex-presidente norte-americano John F. Kennedy.
O ministro da Economia voltou a criticar a possibilidade de aumento de servidores públicos durante a crise e disse que as “medalhas” são dadas apenas após a guerra, e não agora. “As medalhas são dadas após a guerra, não antes da guerra. Nossos heróis não são mercenários. Que história é essa de pedir aumento de salário porque um policial vai à rua exercer sua função? Ou porque um médico vai à rua exercer sua função? Se ele trabalhar mais por causa do coronavírus, ótimo, ele recebe hora extra. Mas dar medalhas antes da batalha? As medalhas vêm depois da guerra, depois da luta”.
Contudo, ele não comentou a aprovação de reajustes de até 25% para a polícia do Distrito Federal, aprovados pelo Congresso a pedido do presidente esta semana. Os policiais do DF são os mais bem pagos do Brasil.