Reportagem: Fábio Donegá
Assunto que poucos querem lidar, independentemente do momento, a morte assusta mais em tempos de pandemia mundial de coronavírus. E quem por ofício é obrigado a lidar com ela já começa a se preparar de acordo com piores as previsões apocalípticas, além de exemplos vistos em outros países. Em Cascavel, Santa Tereza do Oeste e Vera Cruz do Oeste, pelo menos, a funerária que atende as demandas dessas cidades se preveniu com o aumento dos estoques de urnas funerárias, arranjos e flores artificiais.
“Aumentamos os estoques e já cadastramos e deixamos de sobreaviso profissionais ‘freelancer’. Ampliamos em 50% o estoque de urnas funerárias. Em relação ao preço, não houve aumento nem dificuldade de compra por possível falta no mercado. Já em relação às flores artificiais há problema de encontra-las e de preço, pois o maior mercado distribuidor é a China”, explica Marcos Aurélio da Silva, gerente funerário.
Ainda segundo ele, em relação ao cuidado pessoal para a lida com óbitos causados pela covid-19, as medidas de segurança foram a aquisição de luvas com proteção maior, que abrange também os braços, além produtos como álcool em gel, desinfetantes e bactericidas. “Não será visto por aqui aquele pessoal com ‘roupas de astronauta’, como é visto em algumas reportagens de televisão”, finaliza Marcos Aurélio.
Velórios, enterros e vagas
Autarquia que administra os serviços funerais do município e os cemitérios da cidade, a Acesc (Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Cascavel) diz que está preparada para atender a um possível aumento da demanda. “Tomara que não seja preciso, mas se ocorrerem muitos óbitos ao mesmo tempo, temos as capelas aptas para receber velórios curtos, de no máximo quatro horas de duração, além de salas funerárias onde corpos podem passar a noite caso o óbito ocorra depois das 18h, já que não realizamos enterros noturnos. O enterro também é rápido, com caixão lacrado em casos confirmados de óbito por covid-19, o que não se aplica em casos suspeitos. Estamos sem baixas no quadro de servidores, com exceção de um agente funerário que está de férias e tem mais de 60 anos, faz parte do grupo de risco. Quanto às vagas disponíveis nos cemitérios, temos capacidade para suprir um possível aumento de demanda, com mais de duas mil vagas. Também não houve aumento na busca por espaços particulares, até porque várias famílias já têm seus lotes”, explica o superintendente da Acesc, José Roberto Guilherme, que encerra: “[o caos, com elevados óbitos], é a última coisa que devemos pensar, mas se ocorrer, temos que estar preparados”.