Política

Relatório da reforma tributária deve ser votado dia 5 de maio

Foi aprovado também um requerimento para ouvir o ministro Paulo Guedes (Economia) e sua equipe na próxima terça-feira (17).

Relatório da reforma tributária deve ser votado dia 5 de maio

Brasília – A comissão mista da reforma tributária aprovou nessa quarta-feira (11) o plano de trabalho com o cronograma de atividades dos parlamentares. A votação do relatório está marcada para 5 de maio.

Foi aprovado também um requerimento para ouvir o ministro Paulo Guedes (Economia) e sua equipe na próxima terça-feira (17).

O relator da comissão, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), ainda aguarda a proposta do Executivo sobre o tema. Na segunda-feira (9), Guedes prometeu enviar a proposta de reforma administrativa assim que possível e a tributária nesta semana ou na próxima.

No segundo dia de audiências, a comissão da reforma tributária ouviu a professora portuguesa Rita de La Feria. Ela defendeu a criação de um imposto do tipo valor agregado (IVA) no Brasil, dizendo que ele traz mais eficiência ao sistema e reduz fraudes.

Outros benefícios do IVA seriam a não cumulatividade da tributação ao longo da cadeia até o consumidor, o sistema de créditos para empresas e a tributação no destino. “A tributação do consumo no Brasil hoje acumula todos esses problemas. Acumula, não devolve o acumulado, é tributado na origem. Vai contra todas essas regras”, resumiu.

O tributo do tipo IVA é o que está previsto pelas PECs (Propostas de Emenda à Constituição) de reforma tributária da Câmara e do Senado, que têm como objetivo central fundir diferentes impostos em um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

Rita disse que o IVA está presente em mais de 160 países. “A forma como o IVA se espalhou pelo mundo todo é um fenômeno. E espalhou-se porque é superior a outros impostos”.

Ponto central

Parlamentares manifestaram preocupações sobre a experiência da Malásia, que, depois de implementar o imposto, recuou e o extinguiu.

Segundo a professora, isso ocorreu porque o país não reservou recursos para o pagamento dos créditos gerados pelo sistema. Isso deve ser um ponto central a ser considerado pelo Brasil, na avaliação dela. “A Malásia não guardou dinheiro para pagar os créditos, então tinha um problema gravíssimo de acúmulo de créditos. Porque [o recolhimento com] o IVA não é líquido”, disse. “Os empresários têm que ter certeza que o crédito vai ser pago. Se não pagar os créditos, o sistema fica sem credibilidade”, ressaltou.

Mais ricos

Em meio às discussões, membros da comissão sugeriram aproveitar as alterações para aumentar a tributação sobre os mais ricos.

A professora sugeriu que o primeiro passo para se alcançar esse objetivo é mudar a tributação sobre o consumo: “O que dizem muitos economistas é que a tributação da riqueza tem que começar pela tributação do consumo dos ricos, o que não está se fazendo [de forma apropriada]”.