Santa Helena – O Paraná é o segundo maior produtor de mel do Brasil, atrás apenas do Rio Grande do Sul. Além da forte produção – foram 7,4 mil toneladas produzidas em todo o Estado no ano passado, de acordo com o Deral (Departamento de Economia Rural) -, o mel paranaense também é reconhecido pela qualidade, atestada com o registro de Indicação Geográfica concedido à produção de Ortigueira, nos Campos Gerais, e do oeste do Estado, o que garante o diferencial do produto.
Ortigueira foi a primeira localidade a receber o registro por Dominação de Origem, em setembro de 2015. A região oeste recebeu o registro de Indicação de Procedência em julho de 2017. O registro é concedido pelo Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) a determinadas regiões geográficas, conhecidas por suas características de qualidade do produto.
O mapeamento das regiões com potenciais produtos reconhecidos pela sua origem foi pelo Sebrae. Órgãos da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, como o Instituto Emater (Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural) e a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária), também dão o suporte técnico para que os produtores consigam o registro.
O acesso a mercados mais atrativos e um valor melhor pelo produto estão entre os benefícios conquistados com o processo de indicação geográfica, afirma o diretor-presidente da Emater, Natalino Avance. “Com a implantação da Identificação Geográfica, pode-se ampliar os canais de comercialização, inclusive para o mercado externo, melhorando significativamente as economias locais”.
A coordenadora de agronegócios do Sebrae, Andreia Claudino, ressalta a importância do registro para o desenvolvimento regional: “O registro organiza os apicultores e profissionaliza o trabalho dos produtores locais. O mel deve ser padronizado, o que melhora a economia local, aumentando o número de empregos de produtores envolvidos na cadeia produtiva e na sucessão familiar”.
Exigências
No caso da apicultura, o Inpi exige alguns pré-requisitos para obtenção da Indicação Geográfica. Entre eles, o manejo correto das colmeias, não utilização de agrotóxicos, limpeza do ninho, cuidado com as traças e coleta para não contaminar as abelhas.
Além disso, a associação também precisa demonstrar que o mel possui característica única no processo de produção, que são relacionadas com as condições do ambiente. Os apicultores devem seguir rigorosamente esses processos para conseguir o registro de Indicação Geográfica. O processo no Inpi inclui o protocolo dos documentos necessários e exigências específicas, como análises microbiológica, fisioquímica e sensorial da produção.
No oeste
O mel da região oeste possui Indicação de Procedência, que é quando uma região se torna conhecida por ser centro de produção, fabricação ou extração de um determinado produto. Por ser uma região agrícola, a produção é uma das atividades que agregam valor nas propriedades rurais de pequenos agricultores.
Um exemplo é a florada da região, umas das principais flores é a uva-do-japão, angico e unha-de-gato, além de ser multifloral e silvestre as flores dão sabor único ao mel. As exportadoras compram da região oeste para dar sabor aos outros tipos de mel das demais regiões produtoras.
O mel da região é proveniente da flora de reflorestamentos nas áreas de preservação permanente às margens do Lago Itaipu, que aliado ao clima e à topografia dão um toque especial ao mel.
“Dá um destaque muito grande para a nossa região, nós podemos vender o nosso mel com uma qualidade a mais. Com a indicação geográfica, podemos provar ao mundo que o nosso mel é bom. Temos um selo de qualidade e mostramos que o produto é diferente”, destaca Antonio Schneider, apicultor da Cooperativa Coofamel.
Com sede em Santa Helana, a Coofamel possui 300 apicultores e 50 têm registro de Indicação Geográfica. A cooperativa produziu 150 toneladas em 2018, comercializados em todo o Paraná e alguns estados, como Santa Catarina, Mato Grosso, São Paulo e Distrito Federal.