Política

Coluna Contraponto do dia 18 de julho de 2018

“Taxa de alienação” embaralha escolha

A mais recente pesquisa Ibope mostrou que a “taxa de alienação” dos eleitores – que considera a soma de abstenções com votos em branco e nulos – alcançou 41%. Essa indefinição é considerada inédita a cem dias das eleições desde a redemocratização. Para especialistas, esse fenômeno influencia a escolha do vice, já que ainda não há uma definição clara entre os políticos dos perfis que o eleitorado procura. Nenhum dos 14 partidos que lançaram candidatos a presidente conseguiu definir um nome para a vice. “A questão do vice está muito ligada ao tempo de TV e à aliança nos estados. Desta vez, além disso, temos um eleitorado que está tendendo aos extremos. Acredito que os candidatos estejam procurando vices que, além dos benefícios de tempo de TV, agreguem algo à preferência do eleitor. Agora, incertezas geram incertezas”, diz o cientista político da PUC Minas Malcon Camargo.

Momento atípico

Para Carlos Melo, do Insper, os “partidos estão em compasso de espera”. “Vivemos um momento atípico. Uma crise complicada, com os principais partidos em um momento de muito desgaste. O governo federal não tem poder de aglutinação. Não estamos divididos entre situação e oposição, porque o governo é fraco e desgastado. E deixa a oposição um pouco perdida”, disse. “Ainda tem o caso do Lula, que provavelmente não será candidato, mas está na narrativa do PT. Isso causa uma indefinição muito grande.”

E no Paraná…

Há negociações que abrangem espectros políticos bem diferentes. O PR articula aliança em conjunto com o Centrão ou pode fazer dobradinha com o PT ou o PSL de Bolsonaro – extremos opostos. O quadro nacional se repete no Paraná: os três principais candidatos ao governo estadual não se fixaram em nenhum nome para os respectivos vices.

Festa de solteiros

A disputa para o Senado no Paraná já tem mais candidato avulso do que em roteiro turístico de navio só para solteiros. Agora é o ex-governador Beto Richa que, atordoado com o tratamento dispensado pela família Barros, totalmente previsível, pode sair “solito” na disputa.

Solito

O senador Roberto Requião, também atordoado com a distância que Osmar Dias lhe impôs, vai só de MDB, assim como o professor Oriovisto Guimarães, do Podemos, que não explicitou nenhuma companhia de candidato ao governo.

Por conta

A seguir nessa trilha, teremos palanques só de senadores e programas de TV idem. E campanhas mais caras para a Câmara Alta, com candidatos fazendo tudo por conta. No segundo turno, com dois senadores já eleitos, aí sim, vai ser um Deus nos acuda pra obter o apoio deles.

Gleisi em Cuba

Ninguém pode dizer que Gleisi Hoffmann, alvo preferencial das críticas dos que odeiam petistas, não tenha dado a volta por cima. Depois de se livrar do processo por lavagem de dinheiro pela Justiça, relaxa em Cuba, onde é reverenciada pelo governo socialista e pela imprensa, também socialista. Deve estar se sentindo de volta aos bons tempos do PT no poder.

Emedebistas deescartados

O senador Renan Calheiros, MDB de Alagoas, ex-presidente do Senado e famoso pela carga de suspeitas que carrega nas costas, deu entrevista à Rádio T, de Ponta Grossa, nessa terça-feira. Fez três afirmações principais: 1) Henrique Meirelles, com 1% nas pesquisas, não tem condições mínimas de ser o candidato do partido a presidente da República; 2) o senador Roberto Requião, embora seja muito respeitado dentro do partido, dificilmente teria sua candidatura homologada numa convenção do MDB; 3) se não der para apoiar a candidatura de Lula, é melhor que o MDB não lance candidato a presidente.