Foz do Iguaçu – Responsável por uma parcela importante de todas as apreensões feitas pela Receita Federal no Paraná e no Brasil inteiro, a Delegacia da RF em Foz do Iguaçu fechou os primeiros sete meses deste ano com aumento no volume de apreensões, considerando todos os tipos de contrabando, de 13%.
Ali se concentram de 10% a 12% de todas as interceptações da RF em todo o Brasil e 45% do órgão no Estado. Apesar da cotação do dólar nas alturas, o mês passado foi responsável por incremento de 27% nas apreensões na delegacia da fronteira se comparado a igual período do ano passado.
Isso significa que tudo o que foi apreendido somente em julho contabilizou R$ 6,328 milhões. No acumulado do ano esta soma chega a incríveis R$ 54,274 milhões.
Os cigarros trazidos ilegalmente do Paraguai foram o item que disparou quando o assunto é a retirada de circulação. O acréscimo em valores, se comparado a julho de 2017, foi de impressionantes 169%. Foram mais de 12,8 mil maços e que seguem para a destruição, isso somente em julho. No ano, em sete meses, foram 40,5 mil maços apreendidos. Sozinho, o item foi responsável por 41% de todas as apreensões feitas pela Delegacia da Receita Federal em Foz do Iguaçu, que compreende ainda a estrutura de Guaíra.
Mas entre os fatores que mais chamam a atenção e que não integram as estatísticas, por se tratarem de tráfico, está a disparada nas apreensões de drogas, armas e munições reforçando o avanço do crime organizado que tem se armado, cada vez mais, com materiais bélicos que cruzam ilegalmente a fronteira.
O item mais impressionante do relatório dos sete primeiros meses do ano é o que corresponde à apreensão de cocaína. O acréscimo na apreensão foi de incríveis 10.000%. Saiu de 18,3 quilos em igual período de 2017 e saltou para quase 1,852 tonelada de janeiro a julho de 2018. A maconha perdeu proporção nas apreensões, em 7%, mesmo assim houve um grande volume interceptado. No ano passado haviam sido 3,029 toneladas, agora foram 2,814 toneladas.
Outro alerta provocado pelo avanço do crime organizado está no acréscimo, de 55%, nas apreensões de armas. Enquanto em 2017 haviam sido 37, agora foram 50. Mas a cautela maior vem na sequência. As munições apreendidas, somente pela Delegacia da Receita Federal de Foz do Iguaçu, representaram aumento, na comparação dos períodos, de 837%. De janeiro a julho do ano passado a RF de Foz do Iguaçu havia tirado de circulação 1.591 munições, agora foram 14.915.
As prisões em flagrante por tráfico de drogas diminuiu 13%, saindo de 53 para 46, e o número de presos com armas e munições se manteve o mesmo em ambos os períodos: nove. Equivale dizer, que tanto em um tópico quanto em outro, a média de armas, munições e drogas portadas pelos presos aumentou consideravelmente.
Mais itens na lista do contrabando
Outros itens que estão em escala crescente de apreensão, mas no campo contrabando, são os relógios, com acréscimo de 24% na proporção do mês passado em comparação com julho de 2017 e de 48% no ano.
Os telefones, sobretudo aparelhos de celulares, que antes pertenciam à categoria mídia e compunham este indicador, ganharam agora um tópico somente para eles diante do volume de apreensões.
Foram apreendidos pela Receita Federal de Foz do Iguaçu quase 13,8 mil aparelhos, enquanto outros 99,5 mil foram retidos para averiguação neste ano. Juntos, eles representaram quase R$ 4,7 milhões interceptados pela Receita. Deste total, R$ 821 mil somente no mês passado.
Ao todo, a Delegacia da Receita Federal de Foz do Iguaçu lavrou em 2018, 13.350 documentos.
Os veículos preferidos pelos contrabandistas e traficantes flagrados pela Receita Federal são os carros de passeio e os barcos. O primeiro, por questões um tanto quanto óbvias, para a fronteira pela facilidade de contrabandistas e traficantes tentarem fugir das fiscalizações ou mesmo para abandoná-los numa eventual fiscalização. Com frequência são flagrados carros, muitos roubados, furtados e com placas clonadas, seguem abarrotados do lado de lá da fronteira para ganhar o Brasil. Somente neste ano foram 491 deles pegos. O acirramento da fiscalização por terra faz outras formas de transporte ganhar espaço. Assim, muitos contraventores e criminosos têm usado o rio, como de costume, para trazer produtos ilícitos para o Brasil. Neste ano a RF de Foz do Iguaçu já apreendeu 66 embarcações, elas foram a segunda categoria de veículos mais interceptados em 2018, até o mês passado.
As parcerias que resultam em mais fiscalização
O delegado da Receita Federal de Foz do Iguaçu, Rafael Dolzen, reforça que as apreensões são uma maneira bastante eficaz de se combater o crime, em forma de prevenção.
Ele destaca ainda que esses números são fruto das fiscalizações que ocorrem durante todo o ano, independente se em operações especiais, como foi o caso da Muralha que se encerrou em junho passado, ou em postos fixos e em blitze. “Estamos o tempo todo realizando operações, eventualmente em estradas vicinais, no nosso barracão em Medianeira, na Ponte da Amizade, na Ponte Tancredo Neves, no aeroporto. A fiscalização não para”, contou.
Questionado se o movimento, tanto de contrabando quanto do tráfico não sofreu interferência do elevado preço do dólar, Dolzen reforça que este é um fenômeno inexplicável. “O dólar passou dos R$ 4 e mesmo assim parece seguir vantajosa à compra destes produtos, o que notamos é que sempre há movimento, independente do preço do dólar. Por isso, sempre há a fiscalização”, reforçou.
Para Dolzen, estes resultados só são possíveis pelas parcerias firmadas com outras forças de fiscalização e de segurança. “Os números são possíveis graças ao esforço integrado com outras instituições como a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal”, completou.