Opinião

Somos reféns do crime ou coniventes?

Por Carla Hachmann

O massacre no presídio do Pará esta semana divide opiniões. Tem a turma do “bandido bom é bandido morto” e a do “bandido bom é bandido preso”.

E, no meio, têm a família desses presos mortos, mães e filhos que hoje choram a perda deles, e uma parte da sociedade, que só quer que a Constituição seja cumprida.

Muitas questões se acendem em casos como esse. O sistema prisional tem uma finalidade muito clara: manter afastado da sociedade todo criminoso até que ele seja reabilitado para voltar a conviver com os demais cidadãos. Mas estamos longe de conseguir isso.

Presídios superlotados e vigilância corrupta ainda permitem que os presos comandem o crime do lado de fora, como já provaram inúmeras operações policiais, inclusive uma deflagrada ontem, na região norte do Paraná.

Líderes das facções mais parecem “protegidos” pelo Estado, enquanto “governam” seus bandos em celas onde ficam intocáveis pela “concorrência”. Todos sabem disso. E parece que ninguém consegue resolver.

E então fica a pergunta. Somos mesmo reféns ou coniventes do crime?

Se todos sabem disso, o que falta ser feito para mudar a situação?

Temos presídios superlotados que facilitam esse tipo de ação. Não é dar conforto para os presos, apenas fazer cumprir a Constituição: que eles fiquem de fato isolados do lado de fora.

É ingenuidade pensar que uma guerra de facções dentro de um presídio é “bom” para a sociedade, porque mais bandidos morreram. E os que mataram e sobraram? São ainda mais perigosos que os que morreram e agora têm ainda mais poder.

Isso sem contar o custo disso, uma vez que as famílias desses custodiados conseguem na maioria dos casos indenizações do Estado (que nós pagamos), porque era sua obrigação manter aquele preso vivo. Não podemos nos iludir.