Cotidiano

Biogás: Usina transforma dejetos suínos em energia limpa

Os biodigestores foram instalados nas propriedades rurais

Biogás: Usina transforma dejetos suínos em energia limpa

Rios do Oeste – Entre Rios do Oeste fica no extremo oeste do Paraná e tem menos de 5 mil habitantes, mas a quantidade de resíduos orgânicos produzidos no Município é equivalente à de uma cidade de mais de 500 mil habitantes. O que era um problema ambiental foi transformado em solução para a economia e o desenvolvimento da cidade, por meio da implantação de uma Minicentral Termelétrica de Biogás, inaugurada nessa quarta-feira (24).

Toda essa quantidade de resíduos de Entre Rios do Oeste é devido ao tamanho da produção animal no Município, especialmente a de suínos: são mais de 150 mil animais. Os dejetos de 18 propriedades rurais agora são tratados, transformados em biogás e utilizados para a geração de energia elétrica a partir de projeto desenvolvido pelo PTI (Parque Tecnológico Itaipu) e pelo CIBiogás (Centro Internacional de Energias Renováveis), com financiamento da Copel.

O governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, participou da inauguração da MCT em Entre Rios do Oeste. Ele ressaltou que vai trabalhar pelo aumento de iniciativas voltadas à produção de biogás e de biometano – combustível originado a partir do biogás. A intenção, segundo o governador, é transformar o Paraná em pioneiro e no Estado mais sustentável do País. “É uma cidade se transformando em uma cidade sustentável, autossuficiente em energia. Um exemplo que Entre Rios do Oeste e o Paraná dão para o Brasil”, disse o governador.

O diretor técnico do PTI, Rafael José Deitos, contou que uma das expectativas do diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, general Joaquim Silva e Luna, em relação à atuação do PTI é quanto à diversificação das fontes energéticas. “Esse projeto em Entre Rios do Oeste demonstra a nossa capacidade de produzir pesquisa e desenvolvimento de qualidade na área. Nossa missão como PTI é promover o desenvolvimento sustentável da região e esse projeto nos dá a sensação de missão cumprida por hoje, mas com muito mais trabalho para o futuro”, pontuou o diretor.

Foto: Rodrigo Felix Leal/ANPr

Pré-sal caipira

O presidente do CIBiogás, Rodrigo Régis de Almeida, destacou que o legado do projeto fica não apenas para Entre Rios do Oeste e para o Paraná, mas para todo o País.

A iniciativa dos produtores, conforme ele, foi essencial para o sucesso da proposta, “do mesmo jeito que os produtores que desbravaram a área e a transformaram na maior produtora de suínos do Brasil”.

Régis comparou o potencial do Paraná para produção do biogás ao potencial do pré-sal no litoral do País. “É o que chamo de pré-sal caipira, que temos de aproveitar”.

No caso da MCT de Entre Rios, são 215 toneladas de dejetos de suínos por dia que agora são transformados em um ativo econômico.

O presidente da Copel, Daniel Slaviero, afirmou que a MCT “inaugura” a visão do governo para os próximos dez anos e alia uma competência do Paraná – a produção animal – com a geração de energia.

Um dos 18 produtores que integram o projeto, Claudnei Jardel Stein demonstrou alegria pela eficiência que o projeto vem sendo desenvolvido, mas disse que os produtores sabem do compromisso que assumiram com a produção do biogás. “Mas não somos mais poluidores e o biogás vai se tornar outra fonte de renda”.

Energia ilumina prédios públicos

A MCT (Minicentral Termoelétrica) construída em Entre Rios tem 480 kW de potência instalada. A energia que é gerada atualmente vai “zerar” a conta de energia de 72 unidades consumidoras da Prefeitura de Entre Rios do Oeste, resultando em economia para a população, além de resolver o problema ambiental que os dejetos geram.

O projeto, denominado “Arranjo técnico e comercial de geração distribuída de energia elétrica a partir do biogás de biomassa residual da suinocultura em propriedades rurais no município”, é resultado de uma chamada pública da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) de 2012.

A execução do projeto teve duração de 36 meses e um investimento total de R$ 17 milhões, custeado pela Copel, como parte do programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Aneel. O PTI teve papel fundamental desde o início, a partir da análise e adaptação das tecnologias para a geração de energia a partir do biogás.

A equipe de Infraestruturas e Obras do parque tecnológico ficou responsável pela elaboração do projeto e implantação da Minicentral Termoelétrica.

Por meio do Lasse (Laboratório de Automação e Simulação de Sistemas Elétricos) do PTI, foi feita a análise dos impactos da MCT na rede elétrica e também foi desenvolvido um sistema de monitoramento para garantir a eficiência do projeto, que avalia aspectos como pressão, vazão e temperatura do gás gerado a partir dos dejetos dos suínos.

O PTI também fez o mapeamento dos locais mais adequados no Paraná para geração de energia elétrica produzida a partir do biogás, que vai servir de base para que outras regiões possam replicar o modelo de Entre Rios do Oeste e criar seus próprios arranjos.