Saúde

R$ 20 milhões: Verbas à Uopeccan estão paradas desde janeiro em Brasília

Desde janeiro a Uopeccan não recebe os recursos do Pronon do Ministério da Saúde.

Foto: Arquivo
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Reportagem: Juliet Manfrin 

Cascavel – Algo que se imaginava ser passageiro e não durar mais do que seis meses se estende desde o início do ano e coloca a saúde financeira do hospital de referência no tratamento de câncer no oeste e noroeste do Paraná em alerta máximo.

Desde janeiro a Uopeccan não recebe os recursos do Pronon (Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica) do Ministério da Saúde.

Segundo o presidente da entidade, Leopoldo Furlan, os atendimentos não estão ameaçados porque as verbas do SUS (Sistema Único de Saúde) são mantidas, mas o repasse travou obras de melhorias, reformas e compra de alguns equipamentos indispensáveis para o tratamento.

Com 1,3 mil pacientes por dia nas unidades de Cascavel e de Umuarama, o hospital precisa de cerca de R$ 11 milhões por mês para se manter, mas conta, em média, com R$ 9 milhões e o déficit desde o início do ano já acumula quase R$ 20 milhões.

A preocupação vai além, tendo em vista que o fim do ano também representa mais gastos, com o 13º salário e, em alguns casos, férias.

Segundo Furlan, a esperança é de que o repasse seja normalizado ainda em 2019, mas por enquanto não há confirmação de que isso irá ocorrer. “Torcemos para que se normalize tudo ainda neste ano e que possamos receber o retroativo”, declara, e acrescenta: “A justificativa que nos dão é que não tem dinheiro, não tem recursos para nada, então está tudo parado lá em Brasília”.

Por conta própria

Para equilibrar as contas, o hospital tem reforçado os pedidos de contribuição voluntária e intensificado as promoções.

Segundo Furlan, somente nos últimos meses feitas quatro na tentativa de repor o caixa e minimizar os impactos da falta de verba federal. “Felizmente nenhum atendimento está prejudicado, mas porque contamos com uma importante rede de apoio. Não fosse essa rede certamente já teríamos fechado”, observa.

Os recursos hoje contingenciados nem sequer saem do caixa único da União. Eles vêm da designação instituída pela Lei 12.715/12, que permite a empresas tributadas pelo lucro real e a pessoas físicas optantes pelo modelo de declaração completa de modo que destinem até 1% do seu Imposto de Renda para projetos de entidades filantrópicas na área oncológica.

O Ministério da Saúde foi questionado sobre a demora no descontingenciamento, mas até o fechamento desta edição não havia se posicionado sobre o assunto.