Saúde

Prefeitos cobram mais UTI e governo promete contratar leitos privados

Outra promessa de Beto Preto foi agilizar e ampliar a testagem dos casos suspeitos do novo coronavírus na região

Prefeitos cobram mais UTI e governo promete contratar leitos privados

Cascavel – Diante do aumento expressivo no número de casos de coronavírus na região oeste do Estado e as crescentes taxas de ocupação dos leitos de UTI para tratamento desses pacientes, os prefeitos da Amop buscaram respostas do governo estadual para o enfretamento da situação.

Em reunião por videoconferência realizada na manhã de ontem (23) com o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, uma ampliação de leitos foi anunciada. “Nós pedimos ao Estado mais leitos de UTI, porque a região está com taxas elevadas de ocupação e os casos continuam crescendo. O secretário disse que já em está em curso a contratação de leitos privados em Cascavel, que, além de ter o maior número de casos, também é referência para os municípios da região. Beto Preto disse que é possível contratar 30 leitos, somando os hospitais São Lucas e do Coração [Salete]. Ainda é estudada a possibilidade de contratação de outros 30 no Ceonc. Além disso, também há o Hospital Madre de Dio, em São Miguel do Iguaçu, que tem uma grande estrutura e já demonstrou interesse em contratualização com o Estado. O secretário deve visitar a estrutura nos próximos dias”, explicou o presidente da Amop e prefeito de Matelândia, Rineu Menoncin.

A ampliação de dez leitos de UTI da Ala Covid no HU (Hospital Universitário) de Cascavel também foi citada pelo secretário: “A ampliação dos leitos no HU é mais complicada pela falta de insumos e dificuldade na contratação de profissionais. Mas, de acordo com o secretário, os insumos já foram adquiridos e devem ser entregues nos próximos dias; sobre os profissionais, é estudada a contratação de servidores de outros estados, visto que, na região, há pouca mão de obra disponível”, segue Menoncin.

Ainda em relação à estrutura hospitalar, a finalização da obra do Hospital Regional de Toledo e o início dos atendimentos por lá também foram cobrados. O prédio, que está pronto há quatro anos e nunca entrou em funcionamento, passa por reforma e readequação. O secretário ficou de visitar a obra em breve.

Outra promessa de Beto Preto foi agilizar e ampliar a testagem dos casos suspeitos do novo coronavírus na região.

 

Número real de leitos

A reportagem do Jornal O Paraná questionou a Sesa sobre o número de leitos privados disponíveis para contratação em Cascavel. Isso porque, de acordo com o boletim divulgado pelo Município nessa terça-feira, a taxa de ocupação geral dos leitos (público e privado) era de 82,5%. Se considerados os três hospitais citados pelo secretário Beto Preto, não existem 30 leitos de UTI disponíveis.

Dentre os hospitais citados para negociação, o São Lucas teria 20 leitos de UTI Geral, 10 UTI Neo e 5 UTI Pediátrica, sendo que 11 dos adultos estavam ocupados ontem (restariam 9 UTI Geral e 14 infantis). No Hospital do Coração, são 11 leitos de UTI, mas nenhum estava vago ontem. E, no Ceonc, são cinco leitos de UTI e todos ocupados.

A assessoria do São Lucas informou apenas que o COE (Centro de Operações Emergenciais) é quem está controlando os leitos de UTI de Cascavel. Já a assessoria do Ceonc informou que “o governo do Estado está trabalhando para aumentar a rede de assistência e, com isso, vários hospitais foram procurados – não somente o Ceonc. Até o momento, tratou-se apenas de um levantamento preliminar e não há nada definido, nem mesmo um registro formal do pedido. Portanto, o Ceonc segue como um corredor livre de covid-19, visto que não está realizando atendimentos para pacientes diagnosticados com a doença”.

O Hospital Madre de Dio, em São Miguel do Iguaçu, informou que não houve agendamento da visita do secretário, mas que a unidade tem interesse em contratualizar com o Estado. O hospital possui 300 leitos, não foi informado quantos são de UTI.

Já a assessoria da Sesa foi evasiva. Informou apenas que está desenhando a estratégia para auxiliar a região e reforçou que existem opções e que essas são algumas, por isso está estudando a viabilidade.

 

Lockdown regional é alerta

O presidente da Amop, Rineu Menoncin, citou ainda o lockdown que será adotado em diversos municípios neste fim de semana: “É uma recomendação nossa. Vamos fazer em Matelândia também. Fechar tudo por dois dias na tentativa de frear a transmissão e alertar a população para que respeite as medidas propostas, pois, caso a situação não melhore, o lockdown pode ser por mais dias. O secretário Beto Preto afirmou que vai ajudar a ampliar os leitos, mas os prefeitos e a população precisam colaborar para reduzir os números de casos, pois, se isso não acontecer, medidas mais drásticas como o lockdown regional terão de ser tomadas. Vamos fazer reuniões a cada três dias, seja regional ou estadual, para reavaliar a situação e discutir novas medidas”, reforça.