Saúde

Pesquisa aponta efeitos da covid na saúde e na economia na região de fronteira

A pesquisa mostra ainda que os trabalhadores do comércio e do turismo foram mais impactados nas questões de saúde e renda

Pesquisa aponta efeitos da covid na saúde e na economia na região de fronteira

Foz do Iguaçu – Uma pesquisa realizada pela Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) Câmpus Foz do Iguaçu mostra os efeitos da pandemia na saúde e na economia para os moradores na região de tríplice fronteira. O estudo foi realizado pela linha de Pesquisa Epidemiologia e Vigilância em Saúde de Fronteira do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública em Região de Fronteira.

Os dados mostram que, para 41,9% dos entrevistados, o fechamento das fronteiras e do comércio influenciou negativamente a renda familiar e, para 17,7%, existe a possibilidade de desemprego. Para 89%, o número de pessoas adoecidas seria maior caso as fronteiras e o comércio não tivessem sido fechados. Para 63,7%, os serviços de saúde não estão preparados para enfrentar a pandemia, enquanto 74,9% perceberam que o Sistema Único de Saúde pode não ter capacidade de atendimento; 63,4% sinalizam ansiedade e, entre os trabalhadores do comércio, 75,7% consideraram que teriam diminuição no valor da renda mensal.

A pesquisa mostra ainda que os trabalhadores do comércio e do turismo foram mais impactados nas questões de saúde e renda e se mostraram resistentes às medidas, mas os relatos mostraram também compreensão sobre a necessidade de isolamento social (fechamento da fronteira, comércio, escolas, universidades) para evitar adoecimentos causados pelo coronavírus. Na pesquisa, foi manifestada confiança na capacidade dos serviços de saúde frente à covid-19, mas há a sensação de que o SUS poderia ficar sobrecarregado.

Mesmo os participantes identificando alterações físicas e psicológicas em meio à pandemia, reconhecem que as medidas de isolamento social e fechamento do comércio e das fronteiras foram importantes para a manutenção da saúde da população em geral, dada a grande circulação de pessoas na fronteira. Ao mesmo tempo em que reconhecem a complexidade em balancear os efeitos do isolamento social na economia e no relacionamento com as pessoas, sejam amigos, familiares, colegas de trabalho.

“O artigo evidencia o risco para um colapso socioeconômico e sanitário, uma vez que as populações em maior vulnerabilidade possuem menos recursos para se proteger do vírus e menores oportunidades de acesso a meios de subsistência e sobrevivência, visto que uma das principais fontes de renda dessas populações está ligada ao turismo/comércio, que se encontram fragilizadas. Além disso, o estudo apontou a percepção de que o sistema de saúde pode não suportar o volume de doentes, visto a dinâmica populacional na tríplice fronteira”, destaca o professor Reinaldo Silva-Sobrinho, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo.

No total, 2.697 pessoas residentes nos municípios da região oeste do Paraná participaram do estudo durante o mês de abril de 2020.