Cascavel – Uma das doenças mais temidas nos últimos dias pela população cascavelense, a dengue, já está alterando o cenário de atendimento da rede pública de saúde. Esta semana já registra um fluxo bem maior na busca por atendimento médico tanto nas unidades de saúde do Município, quanto nas UPAs(Unidades de Pronto Atendimento). Os números não param de crescer, assim como a preocupação da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) que já reorganizou o fluxo do atendimento.
A reportagem do Jornal O Paraná conversou com o secretário municipal de Saúde, Miroslau Bailak, que confirmou que alterações já foram feitas dentro do sistema, como o reforço de profissionais e, principalmente, de atenção aos pacientes com sintomas. O secretário reforçou que, prioritariamente, os pacientes devem procurar a unidade de saúde mais próxima da sua casa, visto que a grande parte está indo diretamente a UPA, sobrecarregando o sistema.
Segundo Bailak, na segunda-feira (26), por exemplo, enquanto todas as 47 unidades de saúde realizaram um total de 237 atendimentos a pessoas com sintomas de dengue, nas UPAS foram cerca de 300. “Isso é uma discrepância e os números apontam que enquanto nas unidades foram uma média de cinco pacientes, nas UPAS, foram mais de 100 pessoas o que faz com que o sistema de saúde superlote de um lado e, por outro, fica mais tranquilo. Não tiramos profissionais do armário, mas se tratando de epidemia, faremos o que for possível. Mas, precisamos que a população entenda isso e nos ajude”, disse.
Rede organizada
Para o secretário, mesmo com a cidade em estado de epidemia de dengue, a rede de saúde está organizada para manter os atendimentos em todos os espaços, ou seja, não se trabalha com a possibilidade de abrir espaços que seriam chamados de “sentinela”, que atuam como referência de atendimento dos casos, como foi implandatada em municípios da região, entre eles, Toledo e Umuarama. “Temos uma ampla rede que dá conta de atender todos os pacientes que precisam de atendimento e que serão examinados e orientados”, frisou.
Além da reorganização deste sistema, Bailak reforçou ainda que o trabalho de combate ao Aedes aegypti deve ser feito diariamente e “dentro de casa”. Ele contou que nesta terça-feira (27) a empresa responsável pelas caçambas colocadas na Região Norte da cidade, informou que uma delas estava sem nenhum tipo de lixo e até mudou de local, sem fazer a retirada. “Isso não significa que não tem lixo no bairro, pelo contrário, tem bastante, mas precisamos que todos se mobilizem e trabalhem contra o mosquito para não piorar ainda mais a situação”, reforçou.
Atendimento e cuidados
Sobre o fluxo do atendimento, Bailak disse que tanto nas unidades quanto nas UPAS, o paciente que chega com os principais sintomas que são a febre alta e a dor no corpo, é feita a prova do laço – que já identifica se é dengue grave – e um exame de sangue, no qual o resultado está saindo no dia seguinte. Nesses casos já é orientado que a pessoa faça repouso e passe a ingerir uma grande quantidade de líquido, com soro caseiro, além da água pura.
Conforme Bailak, uma receita simples traz um grande benefício para as pessoas que estão com a doença que é o soro caseiro, um excelente potencial de hidratação ao organismo para combater a doença que é perigosa. “Orientamos ferver um litro de água e acrescentar duas colheres rasas de açúcar e uma de sal e ir tomando uma xícara pequena de uma em uma hora, no caso dos adultos”, detalhou.
Explosão de casos preocupa
O boletim epidemiológico divulgado na semana passada apontou que a cidade contabiliza um total de 1.508 casos positivos da doença e foi confirmada a primeira morte de uma jovem de 29 anos. Segundo Bailak, ela era moradora da Região Oeste da cidade e iniciou os sintomas com um quadro febril, mas na sequência piorou e acabou sendo enquadrada com dengue grave associado a um quadro hemorrágico. Ela foi atendida em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), transferida para o Hospital Universitário, mas faleceu no mesmo dia.
De acordo com Bailak, já o boletim desta semana que será divulgado nesta quinta-feira (29) deve ter um salto ainda maior podendo chegar até a 3 mil casos confirmados. “O clima está propício ao mosquito e muitas pessoas falam do mato que cresce com a incidência de chuva e calor, mas temos que reforçar que o mosquito está na água parada que fica no lixo. Precisamos que a população nos ajude para não repetirmos o que aconteceu em 2022 quando fechamos o ano epidemiológico com 13 mil casos e 15 mortes pela a doença”, disse.