Uma cirurgia de alta complexidade foi realizada com sucesso, recentemente, em Cascavel (PR), equiparando a cidade a grandes centros de saúde do país, como São Paulo e Rio de Janeiro. O procedimento para tratamento de um câncer de pâncreas, durou cerca de 5 horas e demandou equipamentos especiais e técnicas avançadas.
O cirurgião oncológico do CEONC Hospital do Câncer, doutor Bruno Kunz Bereza, especialista em cirurgia minimamente invasiva com foco na área gastrointestinal, liderou a equipe envolvida na cirurgia. Além dele, participaram do procedimento a também cirurgiã do CEONC, doutora Tariane Foiato, a instrumentadora, Neide Bianchezzi, dois anestesistas, dois auxiliares de sala e uma enfermeira.
A paciente, uma mulher de 58 anos, apresentava um câncer na região do pâncreas em estágio inicial. Nesse contexto, a cirurgia foi realizada para tratamento da doença, ou seja, com intenção de cura. “Essa cirurgia depende de muitos fatores, entre eles treinamento exaustivo de técnicas avançadas de videocirurgia, conhecimento anatômico minucioso e preparo para controle de situações graves, caso ocorram”, comentou o cirurgião oncológico, Bruno Bereza.
Ao todo foram pelo menos 5 anos de treinamento específico para que a equipe possuísse sincronia e habilidade técnica para realizar a cirurgia com absoluta segurança totalmente por vídeo. No procedimento foram utilizados equipamentos de videocurgia de alta definição, grampeadores, além de pinças e fios cirúrgicos especiais.
“Inexiste um ensino específico sobre essa cirurgia. Ela inclui a realização de pelo menos quatro cirurgias unidas em um procedimento. Ou seja, o cirurgião precisa atingir um grau de experiência e habilidade em quatro cirurgias para a realização dessa de alta complexidade”, complementa o cirurgião, doutor Bruno Kunz Bereza, destacando que é a maior e mais complexa cirurgia realizada no abdome.
Outro ponto que torna o procedimento com alto nível de complexidade é a abordagem de diversos órgãos. Isso por conta da localização do tumor: ampola de vater (estrutura adjacente ao pâncreas). Durante o procedimento, os cirurgiões têm contato com estômago, duodeno, intestino, pâncreas e vias biliares. A cirurgia também envolve manipulação de estruturas muito nobres, como vasos que não podem ser substituídos em uma eventual lesão.
Além do treinamento da equipe para técnicas avançadas de vídeo (controle vascular, suturas, dissecção), o cirurgião oncológico que liderou o procedimento tem fellowship para preparo de cirurgias dessa região (esôfago, estômago e pâncreas).
“Eu trouxe conhecimento sobre cuidados pré-operatórios, cuidados durante a cirurgia e cuidados pós-cirurgia de toda essa experiência”, comenta o médico Bruno Kunz Bereza.
Outro destaque foi a aquisição de instrumentos melhores para a cirurgia, além de conceitos hospitalares para melhora da assistência ao paciente. A cirurgia, na visão do doutor Bruno Bereza, é mais um grande passo para representar as possibilidades que Cascavel possui na área médica de tratamento de câncer. “Por anos vimos diversos avanços nas medicações (quimioterapia, terapia alvo, etc.), na área de diagnóstico (PET-CT), na área de radioterapia (máquinas mais modernas), agora a cirurgia veio com técnicas mais apuradas, melhorando os resultados”, finaliza.
Sobre o câncer de pâncreas
Por ser de difícil detecção e ter comportamento agressivo, o câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade por conta do diagnóstico tardio. No Brasil, é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes causadas pela doença.
Raro antes dos 30 anos, torna-se mais comum a partir dos 60. A incidência é mais significativa no sexo masculino. A cirurgia, segundo o Instituto Nacional do Câncer, é o único método capaz de oferecer chance curativa. Nos casos em que a cirurgia não seja apropriada, a radioterapia e a quimioterapia são as formas de tratamento, associadas a todo o suporte necessário para minimizar os transtornos gerados pela doença.