Saúde

Aplicação da 1ª dose triplica, mas 2ª dose tem passos lentos

O que chama a atenção é para o ritmo lento da aplicação da segunda dose, que vem caindo há um mês

Vacina Oxford/AstraZeneca para imunizacao  em profissionais de saude do Hospital de Reabilitação do Paraná que tem leitos exclusivo de combate à Covid-19.  Curitiba, 27/01/2021. Foto: Geraldo Bubniak/AEN
Vacina Oxford/AstraZeneca para imunizacao em profissionais de saude do Hospital de Reabilitação do Paraná que tem leitos exclusivo de combate à Covid-19. Curitiba, 27/01/2021. Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Cascavel – A vacinação contra a covid-19 deu um salto em junho no Paraná. Nos 15 dias de junho, foram aplicadas 1.126.907 doses, 47,5% a mais que em todo o mês de maio (763.668), triplicando a média diária, que ficou em 75.127 vacinas/dia neste mês.

O avanço é atribuído à 1ª dose. Considerando os 31 dias de maio, foram aplicadas 19.672 vacinas por dia. Em junho, subiu para 65.799/dia, alta de 234%. Nesses 15 dias de junho, o Estado já aplicou 986.993 primeiras doses, totalizando 3.341.077 ontem, conforme dados do Vacinômetro.

O que chama a atenção é para o ritmo lento da aplicação da segunda dose, que vem caindo há um mês. No Estado, a média subiu 88% na mesma comparação, passando de 4.961 vacinas/dia para 9.327/dia, mas aumentando a distância entre o público que já recebeu a primeira dose. Até o fim de maio, 48,6% dos vacinados tinham tomado duas doses. Ontem, a proporção era de 38,4%.

A situação se repete nas três maiores cidades do oeste do Paraná, onde os números destoam ainda mais.

Em Cascavel, até o início da noite de ontem, eram 97.169 as pessoas que tinham recebido a primeira dose, das quais 40.083 tomaram as duas doses, uma proporção de 41%. Há um mês, essa proporção era de 57% (62.243 D1 e 35.482 D2). Em junho, a média diária da primeira dose cresceu 90%, passando de 723 vacinas/dia em maio para 1.375/dia em junho. Em contrapartida, o ritmo da segunda dose caiu 91%, passando de 243/dia para 21/dia, na mesma comparação.

Essa foi a queda mais expressiva, mas Foz do Iguaçu também teve queda, aplicando apenas 27 D2/dia, contra 127/dia aplicadas em maio. Nesse caso, também cresceu 91% a aplicação diária da primeira dose, chegando a 1.733 em junho.

Em Toledo, houve pequeno aumento da aplicação da segunda dose, que era de 51/dia em maio e passou para 60/dia em junho. Em compensação, a aplicação da D1 mais que triplicou: 806/dia em junho e era 251/dia em maio.

A reportagem questionou as Secretarias de Saúde estadual e municipais, mas ninguém soube precisar a razão exata para essa baixa procura. A informação mais consistente é o intervalo maior das vacinas da AstraZeneca, de 80 a 90 dias, que pode estar influenciando nesses números. Ninguém confirmou haver atraso na procura da segunda dose.

 

Mais de 4,5 milhões de doses

O Paraná ultrapassou a marca de 4,5 milhões de doses da vacina contra a covid-19 aplicadas, de acordo com o Vacinômetro do Sistema Único de Saúde, que reúne os dados atualizados em tempo real pelos municípios. No fim da tarde de ontem, eram exatas 4.625.341.

Das cerca 4,9 milhões de pessoas que foram incluídas nos grupos prioritários, 3,3 milhões já receberam a primeira dose do imunizante, 66,7% do público previsto no Plano Estadual de Vacinação contra a Covid-19. Dessas, 38,5% completaram o esquema vacinal.

As pessoas com mais de 60 anos são o grupo mais alcançado pela campanha de vacinação e respondem por 64% das doses aplicadas no Paraná. Até agora, mais de 2 milhões de idosos receberam a primeira dose e 45,8% deles já estão com o ciclo vacinal completo. O segundo grupo é formado pelos trabalhadores da saúde, com 395.629 pessoas vacinadas, quase 70% deles com a segunda dose.

Vacinados, idosos passam de maioria para um quarto dos pacientes nas UTIs

A vacinação maciça da população com mais de 60 anos já traz reflexos nas internações de idosos nas UTIs exclusivas para a covid-19 do SUS do Paraná, que vem reduzindo significativamente. Desde o início da pandemia, em março de 2020, a taxa de idosos que davam entrada nos leitos intensivos era sempre próxima ou superior a 60%. O percentual se inverteu em maio e, pela primeira vez, ficou abaixo da metade.

No mês passado, as pessoas com mais de 60 anos representavam 33% dos pacientes que deram entrada nas UTIs. Essa taxa foi ainda mais baixa na primeira quinzena de junho, quando 24% dos internamentos eram nessa faixa etária.

Os dados são da Regulação Estadual de Leitos, administrada pela Secretaria de Estado da Saúde, e não incluem informações de Curitiba, Região Metropolitana e dos hospitais particulares. Tanto a Capital como o serviço privado utilizam sistemas próprios de monitoramento.

Os índices de internamento de idosos estão caindo desde o início da campanha de vacinação, em janeiro deste ano. Em paralelo, houve crescimento na ocupação desses leitos nas demais idades, principalmente na faixa de 40 a 50 anos, que subiu de 10% para 21% do total de janeiro para maio, e dos 30 aos 40 anos, com aumento de 6% para 11% no período.

De março a dezembro de 2020, a média de idosos ocupando esses leitos foi de 63%. Dos 14.418 pacientes internados em UTIs exclusivas no interior do Estado no ano passado, 9.061 tinham mais de 60 anos. O Paraná abriu o ano com a maior taxa de internamento de idosos desde o começo da pandemia, 65% do total de ocupação dos leitos intensivos.

O índice então caiu para 56% em fevereiro, 51% em março, 50% em abril e 33% em maio. Na primeira quinzena de junho, dos 142 pacientes que deram entrada, 34 tinham mais de 60 anos.

Em números absolutos, maio foi o mês com o menor internamento de idosos em UTIs Covid desde novembro de 2020: foram internados 1.390 pacientes com mais de 60 anos, 40% a menos do que no mês anterior, quando 1.947 pessoas nessa faixa etária foram colocadas nas UTIs. Mas, em comparação, o número de pacientes gerais subiu 6,4% de abril a maio, de 3.889 para 4.154 pessoas.

 

Menos mortes

A análise de casos e óbitos por covid-19 em idosos também mostra redução no período. Em janeiro deste ano, o Paraná confirmou 17.298 casos em pessoas com mais de 60 anos, 14,76% do total dos casos positivados no período. Já em maio, 15.401 idosos foram infectados pela doença, 11% do total.

Em janeiro, o Estado registrou 1.487 óbitos dessa faixa etária e, em maio, 1.916. Embora o número absoluto tenha um aumentado, ele representa menos no total de mortes. O índice passou de 78,59% no início do ano para 53,22% no mês passado.