Foz do Iguaçu – Na primeira visita a Foz do Iguaçu como presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) frustrou todas as expectativas dos prefeitos do oeste do Paraná. Ontem, sob um forte esquema de segurança – inclusive com uso da arma camuflada como maleta -, Bolsonaro esteve na Terra das Cataratas para empossar o novo diretor-geral brasileiro da empresa binacional, Joaquim Silva e Luna, que enfatizou a prioridade da Itaipu Binacional: produção de energia.
Com parcerias importantes em infraestrutura, educação e desenvolvimento tecnológico, a Itaipu bancou investimentos nesses três anos em 54 cidades – sendo 50 do oeste – da região na ordem de US$ 250 milhões (quase R$ 1 bilhão). Além disso, Foz do Iguaçu garantiu, sozinha, mais R$ 100 milhões.
Mas a expectativa é de que esses repasses cessem, porque a Itaipu deixará de ser um instrumento auxiliar dos gestores para se concentrar nas metas estipuladas pelo governo federal. “Cabe à Itaipu a missão genericamente de gerar energia elétrica com qualidade, responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico turístico, tecnológico, sustentável no Brasil e no Paraguai. Substancialmente, cabe à Itaipu a produção de energia elétrica – entendo que esse deve ser nosso foco”, esclareceu o novo diretor-geral, que pretende agora dar sequência às negociações da revisão do Tratado de Itaipu, que garante a venda do excedente de energia do Paraguai ao Brasil e que termina em 2023. “Sabemos que em tempos de mudanças não precisamos cometer erros para fracassar. Basta continuarmos fazendo o mesmo. Mudanças são necessárias. Pretendemos nos interar de tudo – nos reunir com as diretorias, de olho na agenda de 2023”. Até lá, taxas e acordos firmados entre os dois países não serão alterados.
A nomeação teve como origem uma indicação do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que também esteve na posse. Ele declarou que o setor energético deve ser um dos maiores impulsionadores da economia nacional. “Setores elétrico, petróleo gás biocombustível e mineração – áreas de infraestrutura de capital intensivo, por isso, grandes geradoras de riquezas para a sociedade, são fundamentais para alavancar o crescimento econômico, transformar essas oportunidades em realidade”.
“Não podemos discutir só valores, mas princípios”
Os presidentes do Brasil e do Paraguai se reuniram ontem para discutir de maneira antecipada o Tratado da Itaipu – considerada pelo novo diretor-geral da binacional a “bíblia” que organiza as diretrizes de ambos os países, e que define a distribuição dos royalties. Está definido para 12 de março um encontro entre Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai, e Jair Messias Bolsonaro.
Ontem, Benítez tratou o assunto como um “desafio” a ser enfrentado e deixou claro aos governantes brasileiros que é preciso levar em consideração aspectos sociais, e não apenas econômicos, que estão envolvidos com Itaipu. “É preciso agilizar as discussões do contrato e definir por meio de estudos técnicos aspectos que atendam ambos os países. Não podemos discutir apenas valores, mas também princípios”, ressaltou o presidente do Paraguai.
O depoimento seria uma resposta às medidas já antecipadas do governo brasileiro em priorizar a produção de energia elétrica, deixando de lado investimentos em cidades da região.
Ainda em tom de campanha eleitoral, Bolsonaro disse que agora as ações serão de centro-direita na Itaipu e vai aprofundar “as discussões para o bem-estar dos nossos povos. Esquerda nunca mais!”.
Mais produção
Bolsonaro informou ainda que dará mais um passo para o debate da tarifa da energia vendida ao Brasil e focará na produção rentável. “Um país sem energia está fadado ao insucesso. Devemos buscar outras fontes de energia e preservar, bem administrar a que temos no momento. Por isso, a nova diretoria do nosso lado que tem à frente o general Joaquim Silva e Luna. Temos toda confiança que aperfeiçoará muita coisa aqui e posso dizer que a produtividade será maior”.
A binacional conta com um orçamento anual de US$ 3,5 bilhões, sendo 70% desse montante destinado ao pagamento da dívida da construção, que será quitada até 2023, incluindo juros e amortizações. No ano passado, a hidrelétrica abasteceu 15% do mercado de energia elétrica brasileiro e 90% do paraguaio.
Bolsonaro ratifica construção da 2ª ponte
Após o compromisso da construção da segunda ponte assinado ano passado pelo ex-presidente Michel Temer (PMDB) e o atual presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, ontem o governo brasileiro reafirmou que a obra ligando o Brasil ao Paraguai sairá do papel. “A segunda ponte é de fundamental importância aos nossos povos. Conte com o apoio de nosso governo para concretizarmos esse objetivo”, afirmou Jair Bolsonaro ao presidente paraguaio.
Ele disse que a parceria entre Brasil e Paraguai, pelo Paraná, possibilitará a construção da nova ponte, novos eixos comerciais e que a nova direção da Itaipu está compromissada com o desenvolvimento econômico do País.
O papel da cooperação entre a binacional, o governo do Estado e o setor produtivo foi definida pelo governador em exercício Darci Piana como estratégica para o desenvolvimento do oeste do Paraná e de todo o Estado. Ele destacou que a parceria envolve o G7, grupo que reúne os maiores produtores e empresários do Paraná. “São parcerias que estão colaborando com o crescimento do Paraná e do Brasil. O Estado tem recebido extraordinária ajuda da Itaipu desde a sua fundação”, afirmou.