O projeto Cascavel, idealizado por Sérgio Luiz Kreuz, avança na adoção com um novo aplicativo que moderniza a busca por famílias - Foto: Pedro França/CNJ
O projeto Cascavel, idealizado por Sérgio Luiz Kreuz, avança na adoção com um novo aplicativo que moderniza a busca por famílias - Foto: Pedro França/CNJ

Brasília - Um projeto nascido no Paraná e idealizado pelo desembargador cascavelense Sérgio Luiz Kreuz acaba de ganhar status de referência nacional no campo da adoção. A assinatura de um novo Termo de Cooperação Técnica entre o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o Tribunal de Justiça do Paraná, nesta semana, marcou o avanço definitivo para a integração entre o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento e o aplicativo A.dot, criado por Kreuz.

A iniciativa permitirá o desenvolvimento de um aplicativo móvel dentro da Plataforma Digital do Poder Judiciário, ampliando e modernizando a busca ativa por famílias para crianças e adolescentes que aguardam por adoção.

A busca ativa – recurso que apresenta crianças e adolescentes por meio de fotos, vídeos e depoimentos para pretendentes habilitados – já era utilizada tanto pelo SNA quanto pelo A.dot. A partir do acordo, esses sistemas passam a caminhar juntos, aumentando o alcance e reduzindo o tempo de espera dos meninos e meninas considerados de “difícil colocação”, como grupos de irmãos, crianças mais velhas ou com necessidades específicas.

Para o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, a integração representa um avanço ético e tecnológico. “O Judiciário faz o movimento de cruzar dados para garantir o melhor interesse da criança. A persistência do Estado transforma espera em encontro.”

Desde 2019, mais de 1.480 adoções foram concluídas pela busca ativa do SNA. No A.dot, criado no Paraná, já são 216 adoções sentenciadas e outras dezenas em aproximação — com destaque impressionante: mais de 80% envolvendo adolescentes acima de 13 anos, faixa etária que historicamente enfrenta maiores barreiras.

Cascavel no mapa


O desembargador Sérgio Luiz Kreuz, idealizador do A.dot, afirma que a nacionalização e ampliação da ferramenta vai dar mais visibilidade a essas crianças, para quem quer construir uma família através da adoção.

A presidente do TJPR, desembargadora Lídia Maejima, reforçou que o modelo paranaense agora é exemplo para o país. “A tecnologia humaniza o processo de adoção, tornando tudo mais transparente e acessível.”

A presidente do Instituto A.dot, Adriana Milczevsky Rendak, complementou: “Antes, muitos adolescentes eram apenas números. O A.dot tira esses jovens da invisibilidade e transforma desejo em realidade”.

Em números


Hoje, o SNA registra mais de 32 mil pretendentes e 1.640 crianças na busca ativa. A maioria tem mais de 8 anos; grande parte apresenta alguma deficiência física ou intelectual. No A.dot, são 1.300 perfis cadastrados, sendo cerca de 500 ativos.

Com o acordo, todos os perfis da busca ativa do SNA também passarão automaticamente a aparecer no A.dot — multiplicando o alcance e reduzindo o tempo até o encontro com uma família.

De acordo com o juiz auxiliar da Presidência do CNJ, Hugo Zaher, o cronograma prevê que a integração completa entre as plataformas seja apresentada em maio de 2026, mês em que se celebra o Dia Nacional da Adoção.