Política

Programa Escola Segura: Governo lança projeto-piloto

Amai questiona chamamento de PMs da reserva e critérios, já que muitos têm problemas psicológicos

Cascavel – O governo do Estado lançou ontem o Programa Escola Segura, promessa de campanha de pôr um policial no portão de cada escola do Paraná. O projeto-piloto prevê o chamamento de policiais militares da reserva em 100 escolas em Foz do Iguaçu, Londrina e Região Metropolitana de Curitiba, com duração de 150 dias e um total de 200 policiais que não estão mais na ativa. Isso tudo com início para abril.

A previsão é de gasto aproximado de R$ 5 milhões com diárias, além da aquisição de armas, coletes e demais equipamentos de segurança para os policiais.

Pegos de surpresa, os próprios policiais esperam mais informações sobre o projeto. A Amai (Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares Ativos Inativos e Pensionistas), por exemplo, questiona diversos pontos. O primeiro deles é quanto à função real exercida pelo PM na escola: “É preciso deixar claras as regras da função. O policial vai estar na escola apenas para trazer sensação de segurança ou será atuante? Ele vai ficar mediando possíveis situações ou terá outras funções? Com base nessa especificação, também tem que ser definida a gratificação que ele vai receber”, afirma o diretor de assuntos da Classe da Amai, subtenente Davi Rodrigues D’Almeida.

Ele alerta ainda para a questão psicológica dos policiais: “Muitos afastamentos acontecem por questões psicológicas do militar. Essa é uma questão muito séria e que deveria ter bastante atenção do poder público. Para se ter uma ideia, só neste ano, em três meses, três policias se suicidaram no Paraná. É um número altíssimo. Agora, qual a possibilidade de um policial afastado por conta desses problemas ser reinserido e ainda mais em um ambiente escolar, que nós sabemos que não é um local calmo e fácil de trabalhar? Ele está preparado para ter essa responsabilidade? Sem contar que a metodologia de trabalho e a abordagem precisam ser pedagógicas, ou seja, a seleção desses profissionais tem que ser muito rigorosa. Uma coisa é um policial com arma na mão para enfrentar um bandido, outra é um policial conviver com alunos em um ambiente escolar. Será que ele está preparado para isso?”, enfatiza D’Almeida.

Baixa remuneração incentiva adesão

De acordo com o governo do Estado, inicialmente o programa vai contar com cerca de 200 policiais militares da reserva voluntários. Mas a ideia é ampliar o número conforme o projeto for sendo implantado chegando a pelo menos 2 mil PMs no patrulhamento da rede estadual de ensino, conforme prevê o Plano de Governo de Ratinho Júnior.

De acordo com a Amai, existem hoje cerca de 7 mil policiais na reserva. Para o diretor da Amai, subtenente Davi Rodrigues D’Almeida, muitos profissionais da reserva podem aderir ao chamamento por questões financeiras, visto que há três anos o salário não é reajustado e seria uma forma de complementar a renda: “Acredito que seria o principal motivo da adesão dos profissionais, pois todos têm família e a situação econômica não é favorável. Mas se analisar o custo para o Estado, se o policial fizer a função de um segurança na escola, não seria melhor contratar uma empresa que presta o serviço de segurança privada?”