São Miguel do Iguaçu – Foi lido no plenário da Câmara de Vereadores de São Miguel do Iguaçu na sessão ordinária dessa segunda-feira (23) o pedido de renúncia do cargo de prefeito de Cláudio Dutra. Na carta, ele pede a renúncia do mandato “em caráter irrevogável, por motivos de ordem pessoal, o que o impossibilita de continuar no cargo”.
Cláudio Dutra está preso em Foz do Iguaçu desde 23 de setembro, quando foi detido durante a operação Viação Fantasma. Outro mandado de prisão contra ele foi cumprido no dia 7 de outubro, desta vez pela operação Apocalipse, de âmbito federal.
Após a leitura do pedido, o primeiro-secretário, vereador Francisco Machado Motta, que presidiu a sessão, deu como extinto o cargo de Dutra e oficializou em seguida a efetivação no cargo do atual prefeito em exercício, Albino Bissolotti, onde deve permanecer até 31 de dezembro.
Cláudio Dutra chegou ter aprovado na Casa de Leis um pedido de licença não remunerada de 15 dias, ainda em 8 de outubro, mas não voltou à função, já que continua na Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu.
As investigações
Claudio Dutra foi preso pela primeira vez no dia 23 de setembro em uma operação do Ministério Público do Paraná e da Divisão de Combate à Corrupção que apura fraudes de mais de R$ 8,6 milhões em licitações no Município, especialmente no transporte escolar. De acordo com as investigações, o então prefeito seria o responsável pela divisão de valores, quais empresas seriam dispensadas de licitação e quais seriam aptas aos processos licitatórios no esquema, que funcionaria desde fevereiro de 2013 no Município.
No curso das diligências, foi possível identificar fraudes na cobrança de quilometragem não rodada, direcionamento de procedimentos de licitação, utilização de laranjas na constituição de empresas e pagamentos de propina para servidores públicos e agentes políticos.
As empresas comandadas pelo grupo venceram diversas licitações no ramo do transporte. De acordo com o promotor Rodrigo Leite, de São Miguel do Iguaçu, o caso segue em investigação pela Procuradoria do Ministério Público Estadual.
Nova prisão
A segunda prisão aconteceu dentro da cadeia, em Foz do Iguaçu, durante a Operação Apocalipse, desencadeada pela Polícia Federal. Nessa segunda operação, a suspeita é de que Dutra estivesse envolvido com fraudes de 25 licitações, ocorridas entre 2013 e 2020, que causaram prejuízo de R$ 60 milhões aos cofres públicos.
Foram encontrados robustos elementos que indicam que até o procedimento licitatório relacionado ao combate da pandemia causada pelo novo coronavírus tenha sido manipulado pela organização criminosa.
As investigações continuam sendo feitas pelo Ministério Público Federal, que aguarda resultado das perícias em documentos e computadores, recolhidos na Prefeitura de São Miguel do Iguaçu no dia da operação.