O prefeito Leonaldo Paranhos (PSC) antecipou ontem nova proposta que será encaminhada à Câmara de Cascavel: a retomada do controle financeiro da bilhetagem dos ônibus, hoje totalmente nas mãos da ValeSim, operada pelas duas empresas concessionárias.
O assunto está em análise na Procuradoria Jurídica há pelo menos dois meses e foi constatada a total ausência de controle do poder público com o transporte na questão financeira.
Desde que entrou em funcionamento exclusivo por meio de cartão magnético, em 2015, a prefeitura teria deixado de controlar as movimentações de venda de bilhetes. E os números impressionam. Semana passada o HojeNews revelou que mais de R$ 4 milhões em créditos deixaram de ser usados pelos passageiros. “Se perguntar quantas pessoas embarcaram em abril não saberia dizer. Vamos retomar esse controle, assim daremos mais musculatura para cuidar desse sistema. Voltar originalmente como era antes, com controle absoluto”, argumenta o prefeito.
A proposta do Executivo municipal está em elaboração na Procuraria Jurídica e não estabelece o fim da ValeSim, mas um setor incorporado à autarquia Transitar (que substituirá a Cettrans). Mas isso deve acontecer meio que logo.
Essa falta de controle do sistema teria ocorrido após uma mudança contratual na concessão do transporte público, alteração considerada inadequada por Paranhos. “Pretendemos retomar o gerenciamento. Isso foi mudado, no meu entendimento, de maneira errada. Poderia até renovar o contrato com a mesma base da licitação, mas quando muda depois, está errado. O contrato original estabelecia essa competência de controle da receita”, explica Paranhos.
A mudança contratual ocorreu após o processo de prorrogação do prazo da concessão do transporte público pelo ex-prefeito Edgar Bueno (PDT). O atual contrato vence em dezembro de 2021.
Embora Paranhos diga que não há controle na movimentação de bilhetes, o presidente da Cettrans, Alsir Pelissaro, alega que há um servidor do Município na ValeSim que acompanha essas tabelas. “Há um acompanhamento de vales-transportes. Um funcionário fica na ValeSim e tem acesso ao sistema, com todas as informações, o que ocorre desde a bilhetagem”, assegura Pelissaro.
Comitê para nova licitação
A retomada do controle financeiro da bilhetagem eletrônica é uma das preocupações da administração municipal, após as obras de readequação do perímetro urbano e investimento nos terminais de passageiros e vias por onde passam os ônibus. Porém, com a previsão de fim de contrato com as empresas que prestam o serviço, um comitê será organizado para planejar o novo formato de licitação do transporte público.
Reportagem: Josimar Bagatoli